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Ativistas do Greenpeace instalam faixa pedindo para “libertar os 30 do Ártico”, na sede da empresa Gazprom, em Paris | Jacky Naegelen/Reuters
Ativistas do Greenpeace instalam faixa pedindo para “libertar os 30 do Ártico”, na sede da empresa Gazprom, em Paris| Foto: Jacky Naegelen/Reuters

Cartas

"A vida é curta para se sentir miserável por muito tempo", diz Ana Paula

"Eu estou bem, tenho meus momentos de fraqueza, mas aí eu rezo mais forte, e a vida é muito curta para se sentir miserável por muito tempo". É com frases desse tipo, entremeadas com momentos de humor, que a bióloga Ana Paula Maciel, ativista do Greenpeace presa na Rússia desde o dia 19 de setembro, relata para a família os dias de cárcere em Murmansk, noroeste do país.

Duas cartas recebidas pela irmã de Ana Paula na segunda-feira mostram uma pessoa otimista, mas apreensiva. As cartas, datadas de 27 de setembro e de 2 de outubro, foram enviadas por e-mail da embaixada brasileira em Moscou. Os documentos estão em formato digital, já que originais ficaram retidos pela Justiça russa.

Nas duas mensagens, escritas a mão e aparentemente em folhas de um caderno comum, a bióloga relata que tem sido bem tratada pelos carcereiros, mas reclama que passa o dia inteiro sozinha em uma cela pequena e que tem apenas uma hora por dia para caminhar.

"Os guardas, carcereiros, enfermeiros, são todos gentis e, enfim, temos que cumprir rotinas de segurança e tal, mas no fundo eles sabem que não somos criminosos", relata a bióloga, que mora em Porto Alegre com a mãe, Rosângela, e as irmãs Telma e Alessandra.

Ela também informa que assiste frequentemente a um canal de música na cela em que passa os dias na penitenciária da cidade.

A primeira carta tem apenas uma página e a segunda, escrita uma semana depois, tem três páginas. O tom de Ana Paula é de otimismo, mas também de apreensão com o tempo que poderá passar na prisão.

Agência O Globo

  • Bióloga brasileira Ana Paula Maciel, presa em Murmansk

A bióloga brasileira Ana Paula Maciel, presa na Rús­­sia com outros ativistas do Gre­­enpeace, conseguiu ontem uma autorização para falar por telefone com a família.

A informação é do embai­­xador do Brasil na Rússia, Fernando Mello Barreto. Ele disse que uma diplomata da embaixada está desde quarta-feira em Murmansk, norte da Rússia, onde Ana Paula, de 31 anos, está presa com os colegas do Greenpeace desde o dia 19.

"A diplomata conseguiu autorização para visita consular à Ana Paula Maciel. En­­controu-a bem e interessada em ter informações.

A diplomata obteve autorização da direção da detenção para que Ana Paula faça uma chamada telefônica para a mãe, se possível hoje [ontem] ou no mais tardar amanhã [hoje]", informou Barreto.

"Foi autorizado também entregar material de leitura, inclusive um livro sobre a língua russa. A diplomata conversou também com o advogado e representantes do Greenpeace", disse o embaixador brasileiro.

Segundo Barreto, a representante da embaixada chegou ontem a Murmansk. É pelo menos a segunda vez que Ana Paula recebe a visita de autoridades brasileiras.

A presidente Dilma Rous­­seff afirmou ter determinado ontem que o Ministério das Relações Exteriores acionasse o governo russo para encontrar "solução" para a prisão da bióloga.

"Determinei ao @MRE­BRASIL que desse toda assistência à brasileira Ana Paula Maciel, detida na Rússia durante protesto ambiental", tuitou a presidente. "Solicitei ao ministro Figueiredo contato de alto nível com o governo russo para encontrar solução para Ana Paula", continuou.

Ana Paula está entre os 30 ativistas presos no dia 19 em protesto no Ártico contra a estatal russa de gás e petróleo Gazprom.

A Justiça de Murmansk decretou a prisão preventiva do grupo por dois meses até o fim das investigações.

As autoridades russas afirmam que pretendem processar os envolvidos, incluindo a brasileira, pelo crime de pirataria, cuja pena no país chega a 15 anos de prisão.

Na quarta-feira, o porta-voz do Comitê de Investigação do caso, Vladimir Markin, afirmou que substâncias ilícitas foram encontradas no barco onde os ativistas foram detidos. Ele indicou que a análise desse material poderá agravar as acusações contra todos.

Em sua defesa, o Gre­­en­­peace nega o porte de drogas e alega que o protesto ocorreu pacificamente, sem se apropriar de bens alheios. Diz também que não houve tentativa de tomar posse de nenhum navio, o que viabilizaria a acusação de pirataria por parte das autoridades russas.

Dilma

A presidente Dilma Rousseff determinou ontem ao Ministério das Relações Exteriores que dê toda assistência à bióloga gaúcha Ana Paula Maciel. Ela e outras 29 pessoas estão em um centro de detenção na cidade de Murmansk, na Rússia, desde 24 de setembro, sob acusação de pirataria após um protesto do Greenpeace contra a exploração de petróleo no Ártico.

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