A presidente Dilma Rousseff negou ontem que tenha defendido um diálogo com os integrantes do grupo radical Estado Islâmico (EI) em entrevista dada após a abertura da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, na última quarta-feira.
A presidente afirmou que o discurso que fez foi "integralmente distorcido" pela imprensa. Nele, ela disse que o melhor caminho para combater conflitos é a negociação e questionou a eficácia dos ataques dos EUA na Síria e no Iraque contra o EI e contra ameaças terroristas.
"Gente, vocês acreditam que bombardear [o EI] resolve o problema? Porque, se resolvesse, eu acho que estaria resolvido no Iraque. E o que se tem visto no Iraque é a paralisia", disse a jornalistas em Nova York na última quarta-feira.
Um dia antes, Dilma havia condenado os ataques a posições do EI pela coalizão liderada pelos EUA, que conta com a simpatia do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, embora não haja uma votação do Conselho de Segurança da entidade sobre o caso.
Em Nova York, a presidente colocou o caso sírio ao lado de situações em que há lados beligerantes reconhecidos, como em Israel e Ucrânia, quando criticou as intervenções militares como solução para conflitos.
O EI, contudo, não é reconhecido como ator político para se negociar nem por quem condena os ataques liderados pelo Ocidente, como a Rússia.
Em entrevista a blogueiros no Palácio da Alvorada, a presidente afirmou ontem que o Conselho de Segurança da ONU desaprovou os bombardeios americano à Síria, mas aprovou uma resolução para punir mais severamente pessoas que recrutem outras em seus países de origem para atuar no grupo radical.
"Eleitoralmente, interessou a segmentos da imprensa e a alguns dos meus adversários confundir as duas coisas. Uma é que não há mandado legal para invadir ou bombardear a Síria e outra coisa é a resolução antiterrorista", disse.
Para Dilma, quem defende os bombardeios é "ingênuo" ou "desconhecedor da história".
"O que eu falei foi que temos a clareza de que não adianta achar que é possível resolver os problemas de lá através de mecanismos de invasão. Acredito até que as potências, em geral, acreditam nisso. [...] Tem de ser muito ingênuo ou desconhecedor da história dos últimos quatro ou cinco anos", disse.
Nove japoneses se juntaram ao Estado Islâmico
Reuters
O ex-comandante da Força Aérea do Japão Toshio Tamogami disse ontem que uma autoridade israelense de alto escalão afirmou que nove cidadãos japoneses se juntaram ao Estado Islâmico (EI). No mesmo dia, o principal porta-voz do governo japonês não conseguiu confirmar a informação.
Tamogami, agora um dos membros mais destacados de um novo e pequeno partido político, disse que o diretor-geral do Ministério de Relações Exteriores de Israel, Nissim Ben Shitrit, o informou no mês passado que nove japoneses ingressaram no grupo extremista.
Questionado sobre a possibilidade de participação de cidadãos japoneses no grupo militante, o secretário-chefe do gabinete, Yoshihide Suga, disse em uma coletiva de imprensa de rotina que "o governo não confirmou tal informação".
Ninguém se encontrava imediatamente disponível para comentar na embaixada de Israel em Tóquio, no Ministério de Relações Exteriores israelense ou no Ministério das Relações Exteriores japonês.
Tamogami não deu mais nenhum detalhe além do número de japoneses que ingressaram no grupo militante, dado que teria sido fornecido a ele em uma reunião com Shitrit, um ex-embaixador de Israel no Japão. "Não sei nada além disso", disse Tamogami. "Ele foi cauteloso ao falar."
De acordo com o blog de Tamogami, a reunião ocorreu em Israel no dia 12 de setembro. Estima-se que cerca de mil recrutas de uma vasta região que vai da Índia ao Pacífico tenham se juntado ao EI para combater na Síria ou Iraque.
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