A presidente Dilma Rousseff lançou nesta terça-feira a política industrial brasileira, classificando-a como uma "cruzada" diante de um ambiente "predatório".
O tom de Dilma foi duro. Citou por diversas vezes o câmbio "desequilibrado" --que em julho atingiu o menor valor em 12 anos e que é uma das principais reclamações da indústria brasileira--, o excesso de liquidez na economia internacional e a avalanche de produtos importados mais baratos que rivaliza com os produzidos nacionalmente.
"Estamos iniciando uma cruzada em defesa da indústria brasileira diante de um mercado internacional com uma competição, na grande maioria das vezes, desleal e predatória", disse Dilma, durante o lançamento do programa Brasil Maior.
"É imperativo defender a indústria brasileira e nossos empregos da concorrência desleal da guerra cambial, que reduz nossas exportações e, mais grave ainda, tenta reduzir o nosso mercado interno", disse.
O plano, lançado nesta terça-feira após semanas de discussão entre áreas do governo, inclui a devolução de impostos e financiamento a exportadores, desoneração de folha de pagamento para setores intensivos em mão de obra e uma política tributária especial para montadoras.
O programa é anunciado num momento em que vários países desvalorizam suas moedas na ânsia por aumentar sua competitividade em uma economia enfraquecida, sobretudo nos países mais ricos.
Com o real entre as moedas mais valorizadas do mundo, o setor empresarial vinha pressionando para que o governo agisse.
Dilma repudiou a adoção de medidas protecionistas ilegais, mas defendeu condições tributárias e de financiamento para estimular o investimento produtivo e a geração de empregos.
"(Mas) sem ameaçar a estabilidade macroeconômica do pais com intervenções abruptas e perturbadoras da economia, sem abrir mão da arrecadação necessária para atender as demandas indispensáveis da população", disse, reiterando o compromisso do governo no combate à inflação e rigor fiscal.
Dilma falou antes da sanção pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, do aumento do teto da dívida do país. Na avaliação da presidente, essa decisão tomada pelo Congresso norte-americano "evitará o pior".
"Mas o mundo viverá um longo período de tensão econômica... Todos sabemos que vivemos um período de turbulência, em que o excesso de liquidez imposto pelos países ricos em direção aos países emergentes resulta em opressivo desequilíbrio cambial", disse.
"O Brasil tem condições de enfrentar esta crise prolongada, mas não pode se declarar imune a seus efeitos".
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