Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se dirige a simpatizantes na sede do partido Likud na cidade israelense de Tel Aviv, na noite da eleição de 10 de abril de 2019 | Foto: Thomas COEX/AFP| Foto: AFP

Com a grande maioria dos votos contados na manhã desta quarta-feira (10), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, parecia prestes a conquistar o quinto mandato, superando as acusações de corrupção e um forte adversário.

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Se formar um novo governo e sobreviver até julho, Bibi, como é conhecido, fará história, tornando-se o primeiro-ministro a frente do país por mais tempo, superando o fundador de Israel, David Ben-Gurion.

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Com cerca de 97% dos votos contados, tanto o partido Likud, de Netanyahu, quanto o Azul e Branco, do rival Benny Gantz, conquistaram 35 assentos no parlamento israelense, o Knesset, de 120 membros. Netanyahu, porém, é o único que tem chances de formar uma coalizão para governar o país. Contando com seus aliados da direita, ele deve somar 65 assentos na Casa. Para formar um governo, ele precisa reunir uma maioria de 61 parlamentares no Knesset.

"Gantz fez o discurso da vitória na noite passada, mas acordou esta manhã com ressaca", disse Reuven Hazan, professor de política da Universidade Hebraica de Jerusalém, referindo-se ao discurso que o candidato da oposição havia feito na noite de terça-feira.

Netanyahu também estava ansioso em relação ao número total de votos, com 13.375 votos a mais do que Gantz.

Falando a seus partidários nas primeiras horas da manhã, Netanayahu disse que queria agradecer-lhes "do fundo do meu coração".

"É uma vitória inacreditável e tremenda", disse Netanyahu, com sua esposa, Sara, ao seu lado.

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Netanyahu apresentou a eleição como um referendo sobre sua liderança, e seu sorriso mostrou que ele acreditava ter conseguido ganhar um novo mandato de seu povo, apesar dos desafios legais que enfrenta.

O procurador-geral recomendou em fevereiro que o primeiro-ministro fosse indiciado em três casos de corrupção, incluindo suborno e acusações de quebra de confiança. Permanecendo no poder, Netanyahu está em uma posição muito mais forte para combater as acusações, dizem os analistas.

Com tanta coisa em jogo, ele buscou apoio em todas as frentes possíveis.

Para atrair mais votos de direita para seu próprio partido, ele fez uma promessa de última hora de legalizar os assentamentos na Cisjordânia. Também negociou com os russos o resgate dos restos mortais de um militar israelense desaparecido no Líbano em 1982, durante as intervenções da Síria e de Israel na guerra civil libanesa, o que lhe deu um inegável ganho político e prestígio.

A participação geral dos eleitores foi de 67,9%, menor do que os 72,33% registrados em 2015, em meio a relatos de baixa participação dos eleitores árabes israelenses. Representando 20% da população, os eles ficaram frustrados por uma divisão entre as principais facções árabes, enquanto a polêmica lei estadual de Israel reforçou os pedidos por um boicote. No entanto, uma facção árabe, Balad-Ram, parecia prestes a entrar no Knesset.

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A esquerda de Israel, enquanto isso, foi dizimada após a divisão na União Sionista, que reunia o Partido Trabalhista e Hatnuah, do ex-ministro das Relações Exteriores, Tzipi Livni. Enquanto a União Sionista ocupava anteriormente 24 assentos, o Trabalhista sozinho conquistou apenas seis cadeiras, de acordo com resultados parciais. Meretz, de esquerda, venceu quatro.

O que vem a seguir

Os resultados parciais apontam para a possibilidade de um governo mais religioso, com os partidos ultra-ortodoxos conquistando cerca de 16 assentos. Isto é, a menos que Netanyahu convidasse o Azul e o Branco - ou parlamentares do partido - para formar um governo de coalizão. Gantz descartou publicamente esta possibilidade.

Nos próximos dias, o presidente israelense Reuven Rivlin nomeará o líder do partido com a maioria do apoio para tentar formar um governo. Rivlin fará essa escolha após consultar os eleitos.