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O Partido pela Liberdade (PVV), liderado pelo direitista Geert Wilders, saiu vitorioso das eleições parlamentares antecipadas na Holanda, realizadas nesta quarta-feira (22), e será o maior partido do Parlamento, de acordo com os dados da apuração oficial, que lhe conferem 37 dos 150 assentos, à frente do bloco de esquerda PvdA-GL (Partido do Trabalho), com 25 cadeiras, e dos liberais do VVD (Partido Popular para a Liberdade e Democracia), com 24.
Com a apuração finalizada, o número de partidos que conseguiram pelo menos uma cadeira no Parlamento holandês sobe para 15 dos 26 grupos que concorreram nas eleições gerais de ontem. O resultado também permite que o vencedor inicie o processo de busca por parceiros de coalizão, uma vez que ainda é necessário formar um novo governo no país.
O PVV alcançou o maior número de assentos nas eleições legislativas, com 20 a mais que as 17 que tinha até agora. Muito atrás, aparece o bloco de esquerda formado pelo PvdA e pelo GroenLinks (GL), com o ex-vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, na liderança política. Ele conseguiu oito cadeiras a mais para chegar a 25.
O partido liberal de direita VVD, ao qual pertence o primeiro-ministro em fim de mandato, Mark Rutte, e que foi liderado nessa campanha pela turco-holandesa Dilan Yeşilgöz com promessas de uma política dura em matéria de imigração e asilo, sofreu um duro golpe eleitoral, perdendo 10 assentos e ficando com 24 deputados.
Em quarto lugar está o Novo Contrato Social (NSC), partido de centro-direita, fundado há cinco meses e liderado por Pieter Omtzigt, que estreia no Parlamento com 20 cadeiras.
Além do VVD, os outros três partidos que formam a atual coalizão governamental com Rutte, que é a mesma que governou a Holanda entre 2017 e 2021, também perderam forças nas urnas.
O liberal de esquerda D66 perdeu 15 assentos e agora tem nove, enquanto o democrata-cristão CDA ficou com cinco após perder 10. Já o quarto parceiro de coalizão, a União Cristã, passou de cinco para três.
O partido dos agricultores BBB, que só tinha no Parlamento a sua líder Caroline van der Plas, conquistou mais seis cadeiras, o que pode lhe garantir um lugar na mesa de negociações do futuro governo.
Os jornais locais falam nesta quinta-feira (23) de uma “avalanche política” e que “a Holanda deu uma guinada à direita”, destacando os dilemas que enfrentam agora os grandes partidos que ficaram atrás de Wilders nas urnas, uma vez que o PVV não conseguirá governar sozinho e precisa, como é habitual no país, de pelo menos dois parceiros de coalizão.
Todas as atenções estão voltadas para o VVD e o NSC, dois partidos de centro-direita, que poderiam sentar-se à mesa de negociações com o PVV, embora Yeşilgöz tenha salientado ontem à noite que não se vê em um gabinete em que Wilders seja primeiro-ministro.
No entanto, Wilders também disse nesta quarta (22) que não promoverá medidas anti-islâmicas como a proibição do Corão ou o fechamento de escolas islâmicas (dois pontos do seu programa eleitoral) e prometeu respeitar a Constituição, em uma tentativa de pavimentar o caminho para as negociações, que terão início oficialmente na sexta-feira (24).
A nova eleição foi convocada após a última coalizão do primeiro-ministro do país, Mark Rutte, renunciar em julho deste ano por não conseguir concordar com medidas para conter a imigração.
A candidata governista era Dilan Yesilgoz, cujo Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD), a qual também pertence Rutte, não conseguiu obter sucesso nesta eleição.
Nascido na cidade de Venlo, Wilders chegou à política em 1990 como membro do Partido Popular da Liberdade e da Democracia (VVD), uma fusão de dois grupos liberais e progressistas que pouco têm a ver com a direita mais conservadora. O primeiro-ministro em exercício da Holanda, Mark Rutte, por exemplo, pertence ao VVD.
Wilders passou oito anos escrevendo discursos para o partido, antes de ingressar no Parlamento como deputado. Em 2006, fundou o Partido pela Liberdade (PVV), depois de romper com o VVD devido a divergências sobre a candidatura da Turquia à União Europeia (UE) e começou a construir seu próprio movimento político.
O programa eleitoral de Wilders, apresentado durante a última campanha, inclui propostas como um referendo sobre a saída da Holanda da União Europeia (UE), uma política mais rígida de combate à imigração, que inclui a paralisação total na aceitação de pedidos de asilo e a deportação de imigrantes que aguardam por asilo nas fronteiras holandesas.
Wilders também defende uma política anti-Islã na Holanda, embora tenha sido mais moderado ao falar sobre o tema nos últimos dias.