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Como esperado, as eleições presidenciais no Chile terão segundo turno. Com 80,54% dos votos apurados no primeiro turno, realizado neste domingo (21), o advogado de direita José Antonio Kast era o mais votado, ao obter 28,15% dos votos, enquanto o candidato da Frente Ampla de Esquerda Gabriel Boric atingiu 25,32%.
Como nenhum dos sete candidatos obteve mais de 50% dos votos, haverá segundo turno em 19 de dezembro. O economista liberal Franco Parisi obteve 13,19% dos votos, segundo os últimos números da apuração. O governista Sebastián Sichel atingiu 12,39%, enquanto a candidata de centro-esquerda Yasna Provoste teve 11,87%. Ficaram nas últimas posições Marco Enriquez Ominami, com 7,62%, e Eduardo Artés, com 1,45% dos votos.
Esta é a primeira vez desde o retorno à democracia em 1990 que os partidos tradicionais de centro-esquerda e centro-direita não conseguem chegar ao segundo turno.
Os candidatos ainda na disputa têm agendas muito diferentes, o que obrigará os chilenos a escolher em dezembro entre o governo mais de esquerda desde Salvador Allende (1970-1973) ou o mais de direita desde a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Boric, um deputado de 35 anos e ex-líder estudantil que se descreve como ambientalista, feminista e regionalista, quer expandir o papel do Estado para um modelo de bem-estar semelhante ao da Europa.
Kast, um advogado católico de 55 anos, pretende reduzir o papel do Estado, baixar os impostos, lidar duramente com a migração irregular e proibir o casamento gay e todas as formas de aborto.
“A centro-esquerda não vai estar no segundo turno e isso é doloroso para um projeto político como o nosso, que sempre pensou em como ter uma alternativa a um modelo neoliberal”, disse Provoste, que deixou no ar o seu apoio a Boric na votação.
O Partido Socialista, parceiro de coalizão de Provoste na antiga Concertación, anunciou o apoio ao candidato da esquerda. “Pedimos aos chilenos para que não subestimem a ameaça representada por uma opção de extrema direita como eventual presidente do nosso país”, disse o presidente do partido, Álvaro Elizalde.
Por outro lado, Sichel, que era apoiado pelo atual presidente Sebastián Piñera, disse que está aberto para conversar com Kast, pois não votará em Boric por não querer “que a extrema esquerda vença”.