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Vacina Pfizer
Frasco contendo dose da vacina contra Covid Comirnaty, da Pfizer em parceria com a BioNTech.| Foto: EFE/Ernesto Guzmán

Em mais uma liberação de informações internas do Twitter pelo novo dono Elon Musk, o repórter Alex Berenson informou ontem (9) que o médico Scott Gottlieb, membro do conselho diretor da farmacêutica Pfizer, fabricante da vacina de mRNA Comirnaty contra a Covid-19, pediu por canal exclusivo à rede social que publicações que levantavam dúvidas sobre a vacina fossem censuradas — um claro conflito de interesses.

Em 27 de agosto de 2021, Gottlieb, que tem mais de 500 mil seguidores no Twitter, pediu que algo fosse feito contra o tweet de outro médico, Brett Giroir. Ambos já foram diretores da Administração de Alimentos e Drogas (FDA), agência sanitária governamental dos Estados Unidos que é um dos órgãos responsáveis pela aprovação de vacinas.

O tweet de Giroir dizia “Está claro agora que a imunidade natural à Covid-19 é superior à imunidade da vacina, e muito. Não há justificação científica para usar a vacina como prova [de imunidade] se uma pessoa teve uma infecção prévia. A diretora dos CDC [Centro de Controle e Prevenção de Doenças] e o presidente devem seguir a ciência. Você não teve uma infecção prévia? Vacine-se!”

Na mensagem pedindo censura, Gottlieb disse que o tweet era “corrosivo”. “Ele tira uma conclusão generalizante de um único estudo retrospectivo de Israel que não passou pela revisão por pares. Mas esse tweet vai acabar se tornando viral e chamando pela cobertura jornalística”, justificou o membro da diretoria da Pfizer, empresa que faturou quase US$40 bilhões (R$208 bilhões) com a vacina só em 2021. O receptor do pedido de censura no Twitter foi Todd O’Boyle, na época um lobista da rede social em Washington e também o principal intermediário entre a rede e a Casa Branca. O e-mail de Gottlieb foi encaminhado por O’Boyle, sem menção da ligação dele com a Pfizer, para a equipe de “Resposta Estratégica” do Twitter. Um analista da equipe julgou que o tweet de Giroir não violava as regras, porém, mesmo assim, ele foi marcado com uma tarja com o adjetivo “enganoso”. Comentários, republicações e curtidas do tweet foram proibidos.

Gottlieb também pediu censura a outro usuário que levantava dúvidas sobre a necessidade de vacinar crianças contra Covid. Na época, a Pfizer estava prestes a conseguir autorização do governo americano para recomendar uma dose diluída para crianças entre cinco e 11 anos — mais conflito de interesses. Dessa vez, porém, o Twitter rejeitou o pedido de ação.

Em resposta às revelações, Gottlieb tuitou que sofre ameaças de morte no Twitter e reclamou que a rede social não toma ação suficiente contra isso, mas não negou as revelações dos Twitter Files.

Como informou a Gazeta do Povo, o ceticismo contra a proteção conferida por imunidade adquirida por infecção prévia nunca teve nexo científico. A imunidade natural e a vacinal são similares em proteção, mas a natural é mais duradoura. Juntas, na chamada imunidade híbrida, elas oferecem a maior proteção, por exemplo, contra a transmissão, embora em ambos os casos o vírus continue altamente infeccioso em ambientes fechados. A eficácia da imunidade híbrida contra a transmissão é 40%, apontou um estudo feito com prisioneiros americanos.

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