Balmelli fez o anúncio a jornalistas após reunião com o presidente Lugo| Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo

Conflito agrário

Governo Lugo garante respeito aos brasiguaios

Assunção - O governo do Paraguai reafirmou ontem que garantirá o respeito aos direitos dos cidadãos brasileiros radicados no país, diante das crescentes ameaças de camponeses de invadir as suas propriedades rurais.

Mais de 100 mil brasileiros e seus descendentes se dedicam à agropecuária nas proximidades da fronteira, o que gera conflitos com organizações camponesas que rejeitam a expansão da agricultura mecanizada e reivindicam terras para cultivar.

O chanceler do país, Alejandro Hamed, disse a jornalistas que a crescente tensão no campo e as ameaças contra os brasileiros "preocupam a todos, e as autoridades correspondentes estão fazendo um grande esforço para descomprimir a situação".

Reuters

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O diretor paraguaio de Itaipu, Carlos Mateo Balmelli, confirmou ontem que Itaipu irá comprar um avião para ser usado pelo presidente de seu país, o ex-bispo Fernando Lugo.

O anúncio foi feito após reunião com Lugo no Palácio de López, e um mês após o presidente ser buscado em Assunção por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para se reunir com Lula em Brasília. À época, Lugo foi muito criticado no seu país por aceitar viajar em um avião brasileiro.

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Balmelli disse ainda que a intenção é comprar a aeronave para sete ou oito passageiros nos Estados Unidos, por um preço de cerca de US$ 4,5 milhões, pago em 120 vezes. "Estamos vendo preços pela internet", teria dito, segundo a imprensa paraguaia.

Na terça-feira, o diretor paraguaio havia expressado a intenção de comprar o avião com dinheiro de um fundo de Itaipu, Yaciretá (hidrelétrica partilhada com a Argentina) e outras instituições. Segundo ele, a diretoria paraguaia de Itaipu compraria um avião para ser usado também pelos funcionários da empresa. A diretoria brasileira não possui um avião; usa vôos comerciais ou ônibus. A assessoria de imprensa brasileira de Itaipu informou que a compra de um avião não tem sido objeto de discussão da diretoria binacional. Pelo regimento da hidrelétrica, o lado paraguaio não pode fazer nenhuma compra acima de US$ 50 mil sem o parecer da área jurídica e assinatura dos dois diretores. A reportagem procurou Balmelli, mas ele não foi encontrado.

O Paraguai teria outra opção, que seria pagar pelo avião com o dinheiro dos royalties ou da energia vendida ao Brasil, que é direcionado ao tesouro paraguaio. O Paraguai recebe por ano US$ 360 milhões em royalties de Itaipu.

Sucatão

A necessidade de comprar um avião para uso do governo paraguaio foi levantada pelo vice-presidente paraguaio, Federico Franco, depois de criticar a "carona" brasileira. Na ocasião, Lugo veio ao Brasil com uma agenda reivindicatória, pedindo a revisão da tarifa da energia que o Paraguai vende ao Brasil.

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O Paraguai já possui um avião, um Boeing 707 comprado no governo de Juan Carlos Wasmosy (1993-1998), mas que hoje se encontra sucateado.

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