As declarações da presidente Dilma Rousseff na Assembleia Geral da ONU sobre a criação do Estado palestino ecoaram a opinião da maioria dos 193 países da organização. "O posicionamento nesse tipo de questão mostra que o Brasil é um player global, que não se preocupa somente com questões locais", analisa o professor Mario Sergio Lepre, cientista po­­lítico da Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR.

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Em relação aos interesses in­­ternos, já era esperado que, mais uma vez, a presidente falasse sobre o assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. "O Conselho está muito raquítico em representatividade. Se o Brasil não reiterar esse desejo, ele não vai ser pautado", diz Fabrício To­­mio, professor de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Para os pesquisadores que comentaram o discurso da presidente, o posicionamento sobre a Palestina não traz constrangimentos diplomáticos para o Bra­­sil com países que têm opinião contrária, como os Estados Uni­­dos. "Os interesses dos EUA são muito mais plurais hoje. Eles não podem depender só de Israel, estão precisando de mais apoio. Não são mais unilaterais como na Era Bush", avalia Maria do So­­corro Braga, professora de Ciência Política da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Além disso, a causa palestina não é um tema defendido somente pelo governo brasileiro. "Se o Brasil representa uma posição majoritária, isso não gera problema al­­gum", diz Emerson Cervi, cientista político da UFPR.

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Para Cervi, o fato de Dilma ser a primeira mulher a fazer o discurso de abertura na Assembleia Geral da ONU e ter citado ascensão das mulheres traz um prestígio provisório e não se reflete tanto para o Brasil. "Isso corresponde mais a demandas de determinados setores que representam as mulheres". Já a professora Maria do So­­corro considera que "para o Brasil, ter a representante em destaque tem um peso muito grande. A questão de gênero en­­tra para reforçar".