Os combates diminuíram ontem em Gaza depois que militantes islamistas do Hamas disseram apoiar uma trégua humanitária de 24 horas, mas não havia sinal de qualquer acordo abrangente para acabar com o conflito com Israel.
O Hamas disse que apoiou um pedido da Organização das Nações Unidas (ONU) para uma pausa nos combates em função do feriado muçulmano de Eid al-Fitr, que deve começar nos próximos dias.
Alguns disparos ocorreram depois que o Hamas anunciou que ia colocar suas armas de lado e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, questionou a validade da trégua.
"O Hamas não aceita sequer seu próprio cessar-fogo, está continuando a disparar contra nós enquanto falamos", disse ele em entrevista à CNN, acrescentando que Israel ia "tomar as medidas necessárias para proteger" o povo do país.
No entanto, moradores da Faixa de Gaza e testemunhas da Reuters disseram que os bombardeios israelenses e o lançamento de mísseis do Hamas diminuíram lentamente durante a tarde, o que sugere que uma trégua de fato pode estar tomando forma, enquanto esforços internacionais para intermediar um cessar-fogo permanente pareciam hesitantes.
Mas militares israelenses disseram que vão precisar de mais tempo para destruir uma rede de túneis que cruzam a fronteira de Gaza, o que eles dizem ser um dos seus principais objetivos.
Israel e islamistas do Hamas que controlam Gaza concordaram em um cessar-fogo de 12 horas no último sábado para permitir que os palestinos refaçam seus estoques de suprimentos e recuperem corpos dos escombros.
Israel havia decidido estender a trégua até meia-noite de ontem, a pedido da ONU, mas desistiu quando o Hamas lançou mísseis ontem de manhã.
Médicos palestinos disseram que pelo menos dez pessoas morreram na onda de ataques subsequentes que atingiu Gaza, incluindo uma mulher cristã, Jalila Faraj Ayyad, cuja casa na cidade de Gaza foi atingida por uma bomba israelense.
Cerca de 1.050 palestinos, a maioria civis e incluindo muitas crianças, foram mortos durante os 20 dias de conflito. Israel diz que 43 soldados do país morreram e também três civis, vítimas de mísseis e morteiros.
Esforços diplomáticos liderados pelo secretário de estado dos EUA, John Kerry, para acabar com o conflito de 20 dias, têm mostrado poucos sinais de progresso. Israel e Hamas estabeleceram condições que parecem inconciliáveis.
O Hamas quer o fim do bloqueio econômico israelense-egípcio de Gaza antes de concordar em interromper hostilidades. Israel sinalizou que poderia fazer concessões nessa direção, mas só se os grupos militantes de Gaza entregassem suas armas.
Telefonema
Obama pede cessar-fogo "incondicional"
O presidente americano, Barack Obama, telefonou ontem para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pedindo um "cessar-fogo humanitário imediato e incondicional" em Gaza, onde os mortos já passam de mil pessoas.
Em comunicado, a Casa Branca disse que o presidente Obama "deixou claro que é um imperativo estratégico instituir um cessar-fogo imediato e incondicional que dê fim às hostilidades e leve a um fim permanente das hostilidades".
Embora o líder tenha reconhecido novamente o direito de Israel se defender dos ataques do Hamas, também lembrou que se deve permitir aos palestinos em Gaza "levar vidas normais e solucionar as necessidades de desenvolvimento econômico no longo prazo".
O movimento islamita Hamas e outras milícias em Gaza prometeram ontem aderir a um cessar-fogo humanitário durante 24 horas, mas se registraram disparos de até 25 foguetes em zonas do sul de Israel, o que levou o exército israelense a suspender a trégua.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, negocia junto com o Egito para que tanto Israel como o Hamas aceitem um cessar-fogo permanente, para o qual o movimento islamita palestino pede o fim do bloqueio econômico à Faixa de Gaza. Em sua conversa com Netanyahu, Obama reafirmou seu apoio ao Egito na mediação para interromper a violência.
Para o presidente americano, é preciso levar em conta as necessidades de segurança de Israel, a proteção de civis, mas também a importância de "aliviar a crise humanitária em Gaza" e dar aos palestinos oportunidades para o desenvolvimento econômico e para o fortalecimento da Autoridade Nacional Palestina.
Efe