Os habitantes das Ilhas Malvinas parecem estar à margem da tensão criada entre Argentina e Reino Unido pela soberania do arquipélago, objeto de uma guerra há 30 anos.
A menos de dois meses de completar-se três décadas do início do conflito armado - no dia 2 de abril -, os moradores das ilhas, 2.913 segundo cálculos oficiais, continuam com sua rotina enquanto os Governos de Londres e Buenos Aires protagonizam uma troca de acusações que, de acordo com analistas dos dois lados do Atlântico, os ajudam a desviar a atenção dos problemas internos.
"De alguma maneira estamos ao corrente do que está acontecendo, mas isso não afeta minha vida habitual", disse à Agência Efe Sebastián Socodo, um dos poucos argentinos a viver nas ilhas, ocupadas pelos britânicos desde 1833 e cuja soberania é reivindicada pela Argentina.
Para Socodo, casado com uma nativa das Malvinas e que vive no arquipélago há uma década, a escalada de declarações entre o Executivo de David Cameron e o de Cristina Kirchner não afeta "em absolutamente nada" a realidade dos habitantes das ilhas.
O aumento da tensão também não impediu a chegada do príncipe William, na última quinta-feira, para continuar sua instrução militar como copiloto de helicópteros de resgate. A presença de William tampouco chamou a atenção dos habitantes do arquipélago, que fica no Atlântico Sul.
"Os habitantes das Malvinas apreciam sua presença, mas da mesma forma como apreciam as de todas as tropas britânicas", contou à Efe a jornalista Lisa Watson, do semanário local "Penguin News".
Em declarações à "Rádio 10", de Buenos Aires, Dick Sawle, membro da Assembleia Legislativa das Malvinas, avaliou que as novas trocas de acusações entre os Governos de Argentina e Reino Unido são apenas "uma guerra de palavras, nada mais".
Palavras
Esta "guerra de palavras" teve início há algumas semanas, quando Cameron acusou a Argentina de ser um país "colonialista", no que Buenos Aires denunciou Londres por "depredar" os recursos naturais das ilhas que "pertencem à Argentina" e ignorar as resoluções das Nações Unidas.
Na sequência, Londres anunciou o envio do HMS Dauntless, o destróier mais moderno da Marinha Real britânica, "uma ostentação desnecessária de poder de fogo", segundo a posição dos argentinos.
A Guerra das Malvinas, de abril a junho de 1982, deixou mortos 255 britânicos, três habitantes das ilhas e 649 argentinos.
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