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Ao longo da cúpula de cooperação econômica, na capital chinesa, Obama e Putin tiveram vários encontros não oficiais | Pablo Martinez Monsivais/Reuters  ; Presidência da Rússia/Efe
Ao longo da cúpula de cooperação econômica, na capital chinesa, Obama e Putin tiveram vários encontros não oficiais| Foto: Pablo Martinez Monsivais/Reuters ; Presidência da Rússia/Efe

Imbróglio

Gentileza de Putin com primeira-dama chinesa vira alvo de censura

Folhapress

Um gesto de cavalheirismo do presidente da Rússia, Vladimir Putin, com a primeira-dama da China chamou a atenção no jantar de abertura da cúpula do fórum Apec. Tanta atenção que a censura chinesa proibiu a cena na internet. Cercado de grande pompa, o evento era transmitido ao vivo pela tevê estatal chinesa quando a câmera capturou o momento em que Putin troca algumas palavras com Peng Liyuan.

Enquanto os dois se acomodavam lado a lado na mesa do banquete, o presidente russo tira uma manta que estava sob suas pernas e a coloca nas costas de Peng. A primeira-dama agradece com um sorriso, mas logo deixa a manta cair no chão e veste seu casaco, trazido às pressas por um assessor.

Ao lado de Peng na mesa, o marido, o líder chinês Xi Jinping, nada percebe, ocupado numa conversa com o presidente dos EUA, Barack Obama. O momento pegou de surpresa o locutor que conduzia a transmissão ao vivo. Não houve como evitar o registro. "Eu acabei de ver o presidente Putin gentilmente colocar um casaco sobre o corpo de Peng Liyuan", disse.

O vídeo logo se espalhou pela internet e animou os comentários nas redes sociais. Alguns, irônicos, lembravam da fama de machão de Putin, apreciador de caçadas e lutas sem camisa, e brincavam que ele comprovou sua coragem ao fazer o galanteio a Peng na frente do líder chinês.

Os líderes das duas maiores economias do mundo se reúnem hoje em Pequim pautados por uma série de impasses e por uma competição crescente. Por trás dos sorrisos das fotos oficiais, o líder da China, Xi Jinping, e o presidente dos EUA, Barack Obama, discutirão divergências que incluem comércio, ciberespionagem, direitos humanos e a tensão em torno de disputas territoriais no mar do sul da China.

Obama veio a Pequim para a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, na sigla em inglês), e ficou um dia a mais para o encontro com Xi. No encerramento da cúpula, preparada pelos chineses como um grandioso evento para projetar a ascensão do país como superpotência econômica, Pequim obteve o apoio das demais 20 economias do bloco para o plano de acelerar a criação da Área de Livre Comércio Ásia-Pacífico (Alcap).

Xi elogiou o endosso como um passo "histórico". O comunicado final prevê a realização de um estudo para a implementação do acordo, que deverá durar dois anos. É menos do que o governo chinês queria, depois de enfrentar a resistência dos EUA. A iniciativa de Pequim é considerada uma resposta da China à Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês), cujas negociações são lideradas pelos EUA com outros 11 países, mas sem incluir a China.

Dando o tom de disputa do encontro entre Xi e Obama, membros da delegação americana se preocuparam em ressaltar os pontos de discórdia que serão levantados durante as conversas. Ben Rhodes, conselheiro-adjunto de segurança nacional dos EUA, citou temas como ciberespionagem e disputas marítimas entre as questões em pauta. Ele elogiou o desejo manifestado pela China de desempenhar um papel internacional "compatível com a sua capacidade econômica e política". Mas disse que os EUA vão advertir a China quando o país não respeitar "normas internacionais necessárias".

No primeiro discurso ao chegar a Pequim, Obama já havia tocado em alguns pontos sensíveis, afirmando que espera da China o respeito à propriedade intelectual e aos direitos humanos.

Enfraquecido para cumprir os dois últimos anos de governo após a derrota do Partido Democrata nas eleições legislativas, Obama será recebido por um anfitrião em trajetória oposta.

Xi acumulou mais poderes do que qualquer líder chinês desde Deng Xiaoping, e ainda tem oito anos no cargo. Ele comanda uma economia que, segundo as previsões, deve ultrapassar a dos EUA e se tornar a maior do mundo até o fim desta década.

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