A disputa eleitoral e ideológica entre a candidata socialista Ségolène Royal e o conservador Nicolas Sarkozy, na França, anima a votação de franceses radicados no Brasil neste sábado (5), um dia antes do pleito geral no país, quando votam os franceses no exterior.
Em São Paulo, "o segundo turno está atraindo mais gente de que o primeiro", disse o adido de imprensa do Consulado Geral da França na capital paulista, Stéphane Castéran à reportagem do G1, que visitou o local de votação dos franceses radicados na cidade na manhã deste dia de eleição.
No Brasil, eleição francesa acontece um dia antes e contrapõe chefs de cozinha.
Entre as 10h e as 11h da manhã, não se passavam dois minutos sem que chegassem mais eleitores, muitos em grupos, famílias, jovens, adultos e idosos, que logo eram encaminhados ao setor de votação. "O melhor horário é pela manhã, entre 8h e 9h, quando muitas pessoas estiveram por aqui", disse Castéran.
As jovens Naomi e Jacqueline Rouquet, de 21 e 20 anos, respectivamente, são um exemplo do aumento da presença eleitoral francesa no Brasil nesta fase decisiva. Ausentes no primeiro turno, as duas só se empolgaram com a eleição no segundo turno, quando fizeram questão de ir ao Consulado para apoiar a candidata socialista. "Ela tem melhores propostas, especialmente no que diz respeito aos jovens", explicou Jacqueline.
Castéran já havia dito, alguns dias antes, que o primeiro turno já havia tido uma participação de eleitores bem acima da média. "Cerca de 30% dos eleitores cadastrados compareceram, quando a média é de até 20% de presença", disse. A empolgação é reflexo do que acontece na França, quando o primeiro turno também teve 85% de participação do eleitorado, uma marca considerada excepcional.
Pouco mais de 1 milhão de franceses votarão neste sábado. No Brasil, são quase 11 mil os eleitores inscritos, dos quais quase 3.200 votaram no primeiro turno (Sarkozy venceu por aqui com 39,6% dos votos contra 32,9% de Ségolène e 19,2% do candidato centrista François Bayrou.
Intimidade
Mais difícil de que fazer os eleitores participarem com seu voto é conseguir fazer os franceses darem declarações, ou mesmo aceitarem dizer em quem votaram para presidente. Menos de 20% dos eleitores abordados pela reportagem aceitaram falar sobre as eleições.
"O voto é algo muito íntimo para os franceses. Ninguém gosta de revelar sua escolha", disse um funcionário do consulado, eleitor de Ségolène Royal e que preferiu não se identificar por estar, ele mesmo, preocupado com a intimidade do voto.
Este é o caso de Sylvie Barbier, 46, que esteve no consulado com o marido e os filhos. "Vou votar na mesma pessoa em que votei no primeiro turno, mas prefiro não dizer quem é", falou a francesa de Paris que vive em São Paulo há três anos. Martine Ayala também foi votar com os dois filhos, mas não aceitou dizer em quem votou ou comentar a situação da atual eleição.
A maior parte dos outros eleitores abordados pela reportagem disse que preferia não fazer nenhum comentário. Duas senhoras francesas que saíam do local de votação se disseram "muito retrógradas" para dar entrevista para um portal de internet.
Reticente no início da conversa, o dono de restaurante Laurent Mis, 37, acabou falando um pouco mais de que os outros, revelando uma mudança que pode dar esperança aos eleitores de Ségolène, que aparece como derrotada nas pesquisas de intenção de voto. Ele mudou de candidato no segundo turno. "Sempre votei no Partido Socialista, mas estava muito decepcionado, por isso votei em Sarkozy no primeiro turno. Mas decidi mudar meu voto e apoiar Ségolène. Sarkozy não me convenceu", disse.