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Líderes latinos formalizam criação da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos e apoiam reivindicação argentina pelas Malvinas | Daniel Aguilar/Reuters
Líderes latinos formalizam criação da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos e apoiam reivindicação argentina pelas Malvinas| Foto: Daniel Aguilar/Reuters

Análise

Exploração de petróleo contraria resolução das Nações Unidas

Helena Carnieri

A reivindicação argentina contra a exploração britânica de petróleo perto de sua costa encontra respaldo em resolução das Nações Unidas tomada após a guerra das Malvinas.

Mas a soberania britânica sobre a ilha, de acordo com o direito internacional, seria indiscutível.

Em resolução pela qual tentou acalmar os ânimos após o conflito vencido pelo Reino Unido e em que morreram 649 argentinos e 255 ingleses, a ONU recomendou que nenhum dos dois países tomassem medidas que alterassem a região unilateralmente, sob qualquer ponto de vista, enquanto a disputa não fosse resolvida definitivamente.

"Creio que a Inglaterra não está atendendo (a resolução da ONU) porque ela inclui toda a região", o que inclui o mar ao redor, diz o geólogo da Universidade Federal do Paraná, Renato Lima.

A disputa pela soberania foi reconhecida pela ONU em 1965, mas, mesmo após o conflito de 1982, ainda não foi resolvida. "Não há uma titularidade histórica. Mas a população se sente cada vez mais inglesa, porque, após a guerra, a Inglaterra investiu e o padrão de vida subiu" – o que inclui serviços pagos pela União Europeia, diz o chefe do departamento de Direito Internacional Público da USP, Paulo Casella. O idioma falado na ilha é o inglês e a Inglaterra é quem emite documentos.

Proibição

Como resposta ao investimento econômico da Inglaterra na região, o governo Kirchner determinou que qualquer embarcação peça autorização prévia para "atracar em portos argentinos ou navegar em suas águas territoriais", o que, lembra o professor Casella, só pode ser feito quando há um motivo claro para isso, como uma guerra declarada.

Como argumento para reivindicar a soberania do território, a Argentina afirma que a exploração iniciada pelos britânicos está dentro de sua plataforma continental.

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O protesto argentino contra o início de perfuração para exploração de petróleo por uma companhia britânica ao norte das Ilhas Malvinas foi insuflado, on­­tem, por acusações do presidente Lula ao Conselho de Segurança da ONU. Hoje, a reivindicação chega às Nações Unidas. O ministro das Relações Exteriores da Ar­­gentina, Jorge Taiana, deve se reunir com o secretário-ge­­ral da organização, Ban Ki-moon, a quem pretende expor os argumentos do governo Kirchner.

Em Buenos Aires, o vice-chanceler Victorio Taccetti disse a uma rádio local que o Reino Uni­­do terá de negociar para explorar petróleo no local. "Esta situação não vai se complicar. Em algum momento o Reino Unido vai ver que é conveniente negociar com a Argentina", disse.

A Argentina diz que a autorização para a exploração de pe­­tróleo na região viola sua soberania e impôs restrições à navegação no entorno da ilha, en­­quanto o Reino Unido alega que a perfuração não viola o direito internacional. O arquipélago no Atlân­­tico Sul, conhecido em in­­glês como Falk­­lands, está sob controle britânico desde 1833, algo que a Argentina jamais re­­conheceu.

Lula

Em um forte discurso, durante sua intervenção na reunião da Cúpula dos Países Latino-Ame­­ricanos e do Caribe, o presidente Lula condenou, ontem, a ONU e seu Conselho de Segurança por não se posicionarem a favor da soberania argentina. "A nossa atitude é de solidariedade à Ar­­gentina", disse Lula, que indagou "qual é a explicação geográfica, política e econômica da In­­glaterra estar na Malvinas?". E emendou: "Qual é a explicação de as Nações Unidas nunca te­­rem tomado esta decisão? Não é possível que a Argentina não se­­ja dona (das Malvinas) e seja a Inglaterra a 14 mil quilômetros de distância".

Lula questionou se a ONU age desta forma não é justamente porque a Inglaterra é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, com poder de veto sobre suas resoluções. Ele voltou a defender uma reformulação do órgão, ampliando sua representatividade.

Sob a liderança de Lula, os paí­­ses da América Latina e do Caribe, reunidos no México, apro­­varam por unanimidade a reivindicação da Argentina.

De acordo com um comunicado da chancelaria argentina, o país "obteve o apoio unânime" à declaração que estabelece os "le­­gítimos direitos" argentinos so­­bre as ilhas Malvinas e sugere que ambos os países "retomem as negociações" sobre a prospecção de hidrocarbonetos na plataforma continental do Atlân­­tico Sul.

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