O cubano Guillermo Fariñas, em greve de fome desde 24 de fevereiro, foi medicado hoje, em um hospital na cidade de Santa Clara, um dia depois de ter perdido a consciência em casa. "Sua condição é estável. Eles o estão hidratando e ministrando medicamentos", disse a porta-voz Licet Zamora. Fariñas recusou pedidos de outros dissidentes e líderes religiosos para abandonar seu protesto. Esta foi a segunda vez que ele perdeu a consciência desde que iniciou a greve de fome.
Zamora, a conhecida blogueira cubana Yoani Sanchez, seu marido Reinaldo Escobar e outras pessoas foram visitar Fariñas no hospital numa missão para o convencer a encerrar o protesto. Mas eles não conseguiram vê-lo, porque ele está sob cuidados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Líderes da igreja católica também pediram que ele deixe a greve de fome, mas Fariñas se recusou.
Ismeli Iglesias, um médico dissidente que está ajudando a cuidar de Fariñas, disse que a intervenção hospitalar significa que sua vida não está mais em perigo. Ele afirmou, porém, que o sistema imunológico de Fariñas está fraco e podem surgir complicações. Iglesias disse que Fariñas pode sobreviver por meses se sua família continuar a levá-lo para o hospital cada vez que ele perder a consciência.
Disputa política
Fariñas exige a libertação de 26 prisioneiros políticos doentes. O governo disse que não vai ceder à "pressão ou chantagem" e colocou a responsabilidade pela vida de Fariñas diretamente nas mãos de diplomatas estrangeiros e dos meios de comunicação internacionais que, segundo afirma, o está manipulando como parte de uma campanha contra o governo comunista de Cuba.
Cuba considera os dissidentes como criminosos comuns pagos por Washington para prejudicar o governo. Ontem, o Parlamento Europeu condenou Cuba pelo o que chamou de morte "evitável e cruel" de outro dissidente que fez greve de fome, Orlando Zapata Tamayo, que morreu no dia 23 de fevereiro após 83 dias sem comer. A assembleia europeia disse que também está alarmada pelo caso de Fariñas e pediu que Cuba assegure sua segurança.
Já o Parlamento cubano denunciou a decisão da UE, classificando-a como hipócrita e ofensiva, e dizendo que ela foi tomada após um "debate sujo". Cuba manteve o discurso hoje, com um longo artigo no jornal do Granma, do Partido Comunista, intitulado "Parlamento Europeu se alia à campanha anticubana".
O artigo acusa a Europa de colonialismo e diz que a resolução, aprovada por 509 a 30 votos - foi orquestrada por partidos reacionários de direita. Diz também que a votação é parte de uma longa e nefasta campanha contra Cuba. "É uma vergonha que tal instituição se dedique a articular conspirações e a apoiar mercenários e criminosos", diz o artigo. "Seria engraçado se não fosse tão ofensivo ao nosso país.