Ativismo
Fariñas já fez 23 greves de fome
Da redação
O protesto de Guillermo Fariñas, de 48 anos, começou depois da morte do preso político Orlando Zapata, em fevereiro deste ano, devido a uma greve de fome que durou 85 dias.
Fariñas é um dos mais conhecidos dissidentes cubanos, e já iniciou 23 greves de fome em protesto contra o regime de Fidel e Raúl Castro.
Ele afirma que desta vez está disposto "a ir até o fim". Em entrevista ao jornal espanho El País, declarou: "Há momentos na história em que é necessário haver mártires".
O dissidente cubano Guillermo Fariñas, debilitado depois de passar 34 dias em greve de fome, rejeitou ontem uma oferta do governo espanhol de envio de um avião para levá-lo à Espanha e evitar uma morte que poderia piorar as relações tensas da ilha com a comunidade internacional. Essa é a terceira proposta do tipo feita este mês pelo governo socialista de José Luis Rodríguez Zapatero, disse a mãe de Fariñas. E é a terceira vez que o dissidente a rejeita.
"Disse que agradecia a oferta (...) mas que não queria ir para a Espanha exilado", comentou Alicia Hernández por telefone. Ela estava no quarto de um hospital onde permanece seu filho na cidade de Santa Clara, a 270 quilômetros a leste de Havana. Fariñas, um ex-militar e psicólogo de 48 anos, começou a greve no dia 24 de fevereiro para exigir a libertação de 26 presos políticos doentes.
A Embaixada da Espanha em Havana não quis comentar a oferta do governo espanhol. Mas, segundo Alicia, um conselheiro da Embaixada ligou para ela no domingo para lhe oferecer o envio de um avião ambulância para trasladar seu filho à Espanha.
Fariñas perdeu cerca de 13 quilos desde que começou a greve. Está internado desde que sofreu uma recaída no dia 11 de março. Cuba recebeu críticas depois da morte, em fevereiro, de Zapata e devido à perseguição ao grupo dissidente Damas de Branco, que o presidente norte-americano, Barack Obama, descreveu na semana passada como algo "profundamente perturbador".
Críticas
Para Elizardo Sánchez, da ilegal mas tolerada Comissão Cubana de Direitos Humanos, a oferta da Espanha não soluciona o problema de fundo: a piora da saúde de dezenas de presos políticos. "Ele não aceita essa fórmula (oferta espanhola), porque é trocar um protesto pacífico pelo desterro, que é como uma condenação", acrescentou. A Espanha, ao contrário de outras nações da União Europeia, considera que o diálogo político com Cuba ajudaria a fomentar mudanças na ilha.