Um grupo de dissidentes cubanos pediu ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que interceda pela libertação de 26 presos políticos na ilha. Segundo eles, essa é uma tentativa de evitar um fim trágico para o caso do jornalista anticastrista Guillermo Fariñas, que faz greve de fome há duas semana pela soltura dos ativistas. A carta também teria sido enviada a Lula, mas um assessor do presidente nega o recebimento.
"Cremos que o senhor possa interceder junto ao governo de Cuba para pôr fim a uma situação que, além de tudo, atrapalha os esforços para estruturar uma autêntica comunidade de Estados latino-americanos e caribenhos centrada nos direitos de seus cidadãos", dizem os dissidentes no texto a Lula.
"A influência regional do Brasil, sua confiança no potencial transformador da sociedade democrática e seu conceito de paciência estratégica podem ajudar para que Cuba comece a compartilhar níveis mundiais de direitos humanos", finaliza o texto, assinado pelo recém-criado Comitê Para Libertação dos Prisioneiros Políticos Cubanos Orlando Zapata.
Fariñas, jornalista e psicólogo de 48 anos, iniciou uma greve de fome no dia 24 de fevereiro passado para exigir a libertação dos presos políticos com estado de saúde considerado delicado. O protesto começou um dia depois da morte do preso Orlando Zapata, depois de uma greve semelhante de dois meses e meio, e que coincidiu com a visita de Lula a Cuba, quando "lamentou profundamente" o falecimento.
Ontem, Fariñas recuso uma oferta espanhola de ser acolhido no país europeu. "Ontem (terça-feira) ao meio-dia o conselheiro político Carlos Pérez-Desoy esteve aqui em minha casa e me disse que o governo cubano pediu à Espanha que me acolha", disse Fariñas em entrevista por telefone. Ele afirmou que havia rechaçado a oferta e seguiria "até as últimas consequências" com sua decisão de continuar sua greve de fome. O dissidente já fez 23 greves de fome desde 1995 e foi brevemente hospitalizado na semana passada devido a um desmaio.