No momento em que a elite do Partido Comunista da China começa hoje uma reunião anual de quatro dias, mais de cem dissidentes do país divulgaram um texto pedindo reformas democráticas. O documento afirma que o Nobel da Paz concedido ao dissidente preso Liu Xiaobo foi uma "escolha esplêndida", informa o jornal Wall Street Journal.
O comunicado é a mais recente contribuição para um pouco usual debate público sobre reforma política na China, que ganhou alguma força desde que o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, fez em agosto um surpreendente pedido por reforma política em um discurso em Shenzhen, cidade no sul chinês.
O documento, que circulava hoje em diversos sites, pede às autoridades que "libertem imediatamente as pessoas que foram detidas ilegalmente". Liu foi sentenciado a 11 anos em dezembro por "subversão". Os dissidentes também pedem que os líderes partidários respondam com "realismo e razão" ao prêmio Nobel. O governo chinês qualificou a honraria como parte de uma conspiração ocidental para minar o crescimento global chinês.
Autoridades chinesas impuseram na prática uma prisão domiciliar à mulher do dissidente, Liu Xia. As discussões sobre o Nobel da Paz estão sendo censuradas no país e outros dissidentes passaram a ser vigiados mais de perto.
O texto dos dissidentes não deve ter impacto direto na liderança do país, já que tentativas similares não deram frutos no passado. Apesar disso, o texto traz ao debate um tema sensível, no momento em que o Comitê Central do Partido Comunista começa uma reunião de quatro dias para discutir as políticas para o próximo quinquênio.