São Paulo O presidente da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), Romero de Oliveira e Silva, criticou ontem a visão pessimista que tomou conta do Brasil em relação às conseqüências da nacionalização do gás na Bolívia. "Estamos diante de uma grande oportunidade, e não de uma crise", disse Silva.
A Abegás considera o problema brasileiro na Bolívia o empurrão que o Brasil precisa para "finalmente" criar um plano nacional para a exploração do insumo. "O gás, a partir disso, deve ganhar a importância que o petróleo sempre teve", afirma. Segundo ele, a crise expôs a completa falta de planejamento interno em relação a como o Brasil vai regular ou explorar o gás natural.
A principal crítica recai sobre a decisão do governo federal de ter entregue à Petrobrás a missão de administrar o plano nacional para o desenvolvimento do gás. "É hora de o governo criar um cronograma para o país ter o insumo, sem ter esta dependência excessiva do mercado externo", afirma Silva.
Entre os projetos nacionais importantes para o gás natural, afirma a Abegás, estão um plano para a construção do Gasene (que interligará a malha Sudeste à Nordeste), a conclusão do gasoduto que liga o Rio de Janeiro a Campinas, a construção do Gasoduto da Unificação (Gasun), que interliga as regiões do Meio-Norte, Centro Oeste e Nordeste do Brasil.
Além destes projetos, a demanda de gás exige ainda a produção de gás no Campo de Manati, na Bahia, ainda atrasada, e a exploração do Campo de Mexilhão, na Bacia de Santos.
"Mexilhão é um projeto fundamental para o Brasil. Se a Petrobrás diz agora que não vai investir na Bolívia por causa do risco, pode tentar acelerar o quanto puder a exploração do gás de Santos", diz o presidente da Abegás.
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