Os distúrbios que envolveram centenas de tibetanos no fim de semana são uma reação espontânea às duras medidas de segurança impostas pela China, e podem se repetir nos próximos meses, disseram ativistas e um especialista nesta segunda-feira.

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Pequim encheu o Tibete e províncias vizinhas com forças de segurança, cortou parte dos serviços de Internet e telefonia celular e vetou o acesso de estrangeiros neste mês março, que é marcado por datas delicadas para o regime.

Mas isso não bastou para conter o ressentimento contra o domínio chinês, o que se reflete na raiva da população contra as restrições religiosas e econômicas.

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A imprensa estatal disse que a polícia prendeu quase cem monges budistas depois que uma multidão atacou uma delegacia de polícia em uma área de etnia tibetana na província de Qinghai (oeste).

Incidentes como esse têm se dado de forma isolada, mas recorrente. Recentemente, um monge se imolou, e uma bomba foi lançada contra um prédio público.

"Os manifestantes sabem que podem ser presos e agredidos por gritarem slogans ou distribuírem panfletos perto de delegacias ou quartéis, mas não têm medo. É um sinal de que abandonaram toda esperança", disse à Reuters em Pequim uma fonte com contatos em áreas tibetanas.

Desde fevereiro, mais de 60 pessoas foram presas em uma pequena parte da província de Sichuan, acrescentou essa fonte. "A situação é muito tensa. Há prisões quase diárias", disse a fonte à Reuters.

Houve distúrbios em Lhasa, a capital do Tibete, em 14 de março de 2008, após vários dias de protestos de monges budistas contra o domínio chinês. Os incidentes mataram 19 pessoas e desencadearam protestos em diversas regiões habitadas por tibetanos. Grupos de tibetanos exilados dizem que mais de 200 pessoas morreram na repressão subsequente.

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Um ano depois, muitos tibetanos boicotaram as tradicionais celebrações do Ano-Novo, num discreto gesto de luto pelos mortos do ano passado. Ativistas dizem que os tibetanos estão sob tamanha pressão que incidentes como o de domingo são quase inevitáveis.

"Acho que é um sinal de como as coisas estão ruins dentro (do Tibete) e como as pessoas se sentem absolutamente frustradas e a ponto de explodir", disse Lhadon Tethong, diretor-executivo da entidade Estudantes por um Tibete Livre.

Neste mês de março completaram-se 50 anos da fuga do líder espiritual budista Dalai Lama para o exílio.