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Protesto na Place de la Nation, em Uagadugu, capital de Burkina Fasso — Compaoré planejava se reeleger pela quinta vez | Joe Penney/Reuters
Protesto na Place de la Nation, em Uagadugu, capital de Burkina Fasso — Compaoré planejava se reeleger pela quinta vez| Foto: Joe Penney/Reuters

Desfecho

Uagadugu vive dias de violência e ex-ditador viaja em direção a Gana

Uagadugu viveu um dia de violência ontem e na última quinta-feira. Além do incêndio no Parlamento, televisões e rádios estatais foram invadidas, houve saques contra lojas e outros prédios públicos.

Horas depois da revolta, os militares decretaram a dissolução do Legislativo e do Executivo, anunciaram eleições em um ano e toque de recolher para tentar dar fim às manifestações.

A medida não teve o efeito desejado. Durante a noite de quinta-feira, Compaoré chegou a anunciar que se manteria no cargo até o fim do mandato, em 2015.

Os anúncios contrários aumentaram a pressão popular, o que levou à renúncia do ditador. O pronunciamento foi gravado em um local ainda desconhecido.

Segundo diplomatas estrangeiros, Compaoré estaria em um comboio protegido por militares em direção à cidade de Po, na fronteira com Gana. Ainda não se sabe se ele pedirá asilo ao vizinho.

A renúncia foi bem recebida pela França. O presidente François Hollande reiterou o apoio à Constituição da ex-colônia, assim como a realização de eleições rápidas. A União Europeia também respaldou o mesmo desejo.

Os EUA apoiavam Compaoré. Burkina Fasso abriga uma base francesa usada para combater radicais islâmicos no norte da África.

  • Chefe militar Honoré Traoré comanda país interinamente

Após horas de incerteza, o ditador de Burkina Fasso, Blaise Compaoré, renunciou ontem ao cargo que ocupou por 27 anos. O país será comandado interinamente pelo chefe militar, Honoré Traoré, até a realização de eleições.

A renúncia ocorre um dia depois de protestos violentos contra o projeto que daria a Compaoré a chance de concorrer ao quinto mandato em 2015. Os opositores incendiaram o Parlamento antes da votação da mudança na Constituição. Na televisão estatal, o ditador disse que renunciava "para manter os ganhos democráticos, assim como a paz social".

"Acredito que cumpri o meu papel, tendo como única preocupação os maiores interesses da nação", disse Compaoré. Ele anunciou o início de uma transição de 90 dias para que sejam organizadas e realizadas eleições.

A renúncia foi comemorada pelos manifestantes nas ruas da capital Uagadugu. A festa, porém, deu lugar à apreensão horas depois, quando o chefe militar do país, Honoré Traoré, disse estar a cargo do país. Ele não citou prazo para a transição.

A posse de Traoré, aliado próximo do ditador, desagrada os manifestantes. A maioria deles quer que a transição seja comandada pelo ex-ministro da Defesa Kouamé Longué, um dos principais líderes da oposição.

"Nós nos levantamos, lutamos e ganhamos. Agora dizemos que queremos este homem [Pongue] para nos liderar", disse um dos líderes do protesto à rede britânica BBC.

Alguns dizem que não deixarão as ruas até que Traoré deixe o poder, em sinal de que a instabilidade política pode continuar.

Os protestos começaram no dia 21, quando Compaoré enviou ao Parlamento o projeto da quarta reeleição. Os atos ficaram mais intensos no início desta semana.

40

Os 40 brasileiros residentes em Burkina Fasso foram orientados a permanecer em casa, segundo o responsável pela Embaixada do Brasil no país, Nergiton Majela de Souza. Na capital Uagadugu, vivem 25 brasileiros. Souza relata que a violência foi intensa ontem , com saques e ataques a prédios públicos.

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