O ditador da China, Xi Jinping, realizou neste final de semana uma visita “surpresa” à região de Xinjiang, onde incentivou as autoridades locais a preservar a "estabilidade social conquistada com esforço" e intensificar os esforços para conter as atividades religiosas consideradas “ilegais" pelo Partido Comunista Chinês (PCCh).
A visita do ditador chinês ocorre após sua participação na cúpula dos Brics, que foi realizada na semana passada na África do Sul.
Esta foi a segunda visita de Xi à região desde o início da repressão rigorosa que o regime comunista vem realizando contra os uigures, minoria muçulmana de Xinjiang, há quase uma década. A primeira visita de Xi Jinping à região ocorreu em junho do ano passado.
A chegada de Xi Jinping à maior cidade de Xinjiang, Urumqi, no último sábado, conforme relatado pela mídia estatal chinesa, foi marcada por apresentações de relatórios governamentais e um discurso direcionado a membros do Partido Comunista e representantes do governo local.
Na visita, Xi exortou as autoridades a "aprofundar ainda mais a sinicização do Islã e efetivamente controlar as atividades religiosas consideradas ilegais". As medidas adotadas pelo ditador na região, que atingem profundamente os uigures, têm sido caracterizadas por governos, grupos de direitos humanos e órgãos jurídicos como genocídio.
As autoridades chinesas já detiveram pelo menos 1 milhão de uigures e outros muçulmanos da região em centros de detenção e "reeducação", além de implementarem um amplo sistema de vigilância e repressão sistemática da expressão religiosa e cultural na região.
Relatórios de pesquisadores indicam que locais religiosos e culturais foram destruídos em Xinjiang pelo regime chinês. Quando não destruídos, esses locais foram obstruídos pelas autoridades para impedir a organização de atividades religiosas.
Em 2022, a ONU encontrou evidências críveis de tortura e outras violações dos direitos humanos dos uigures. Organizações de direitos humanos como a Human Rights Watch (HRW) e entidades de monitoramento jurídico afirmam que crimes contra a humanidade foram cometidos na região.
O regime chinês nega as acusações e afirma que as medidas aplicadas em Xinjiang são uma forma de combater o “extremismo” e “reduzir a pobreza”.
Uma reportagem da agência estatal Xinhua sobre a visita de Xi apontou que o ditador enfatizou a necessidade de se resolver o "problema da identidade cultural" como parte do processo de consolidação da nação chinesa, do Partido Comunista e do "socialismo com características chinesas".
O ex-diretor executivo da HRW Kenneth Roth interpretou a visita de Xi como uma reafirmação de seu envolvimento em possíveis "crimes contra a humanidade".