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Ditador da Nicarágua quer converter sede de jornal em máquina de propaganda do regime

Ditadores latino-americanos
Ditadores latino-americanos: de Cuba, Miguel Diaz-Canel (à esquerda), da Nicarágua, Daniel Ortega (centro), da Venezuela, Nicolás Maduro (direita, ao fundo). À direita de Maduro, à frente, o presidente da Bolívia, Luis Arce. Foto em Havana, dezembro de 2022. (Foto: EFE/Ernesto Mastrascusa)

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A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) afirmou nesta segunda-feira estar preocupada com "o novo uso indevido, ilegal e inconstitucional que o regime de Daniel Ortega, na Nicarágua", fará das instalações do jornal La Prensa, assumido pela ditadura em agosto de 2021 e desde então publicado digitalmente fora do país.

A organização, com sede em Miami (Estados Unidos), destacou que o regime Ortega quer usar as rotativas do jornal para abrir “um meio de comunicação oficial que publica propaganda do governo”.

“O governo agora está contratando pessoal que trabalhava para a empresa, devido ao seu conhecimento especializado no uso das impressoras e outros equipamentos de produção do jornal e da gráfica comercial”, acrescentou a SIP, em comunicado.

“É alarmante que, além de ter confiscado e despojado ilegitimamente o patrimônio de uma empresa privada, o regime tem agora o descaramento de utilizar o patrimônio dos meios de comunicação social para fins de propaganda”, afirmou o presidente da instituição, Michael Greenspon.

"Não nos surpreende a natureza de um regime que prende jornalistas por crimes forjados, força jornalistas ao exílio e confisca propriedades e imóveis para seu benefício", acrescentou o diretor global de licenciamento e inovação do jornal The New York Times.

“Esta é uma nova tentativa de usar a máquina de propaganda e mentiras para continuar criando sua própria narrativa para enganar o povo”, disse o presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, Carlos Jornet.

A organização reiterou hoje que Juan Lorenzo Holmann, gerente geral do La Prensa, e os jornalistas Miguel Mora e Miguel Mendoza, condenados a penas de prisão, deveriam ser libertados.

Da mesma forma, exigiu que a ditadura da Nicarágua anulasse as sentenças de Cristiana Chamorro e Pedro Joaquín Chamorro, membros da diretoria do La Prensa, e do jornalista Jaime Arellano, condenados a oito, nove e 13 anos de prisão, respectivamente.

Da mesma forma, como faz com o La Prensa, a SIP reiterou a devolução dos meios de comunicação Confidencial e 100% Noticias, ambos confiscados em 2018 e apesar do artigo 14 da Constituição da Nicarágua proibir o confisco de bens e imóveis.

A SIP lembra que a avaliação dos bens usurpados do La Prensa, em cuja sede o ditador Ortega instalou um centro cultural e politécnico, chega a US$ 20 milhões (R$ 103 milhões).

As sedes do Confidencial e do 100% Noticias foram igualmente convertidas em casa-maternidade e centro de atendimento a dependentes químicos, respectivamente.

O mais recente Índice Chapultepec da SIP mostra a Nicarágua em último lugar entre 22 países em termos de liberdade de imprensa.

O Índice Chapultepec é um barômetro anual que mede ações institucionais que afetam a liberdade de imprensa e expressão em 22 países das Américas.

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