Damasco - Após aceitar a renúncia de seu gabinete, o ditador da Síria, Bashar al Assad, deverá falar ao Parlamento hoje. A expectativa é que ele formalize a derrubada do estado de exceção, em vigor no país desde 1963. O discurso será o primeiro desde o início da revolta popular, que se espalha por vários países árabes.
Mais cedo ontem, Assad aceitou a renúncia do primeiro-ministro Mohammed Naji Otri e de todo seu gabinete, em uma aparente estratégia para acalmar os protestos da oposição. Ao menos 61 pessoas morreram nos últimos dez dias de protestos antigoverno na cidade, o maior desafio enfrentado pelo regime de 11 anos de Assad.
As manifestações em várias localidades do país exigem reformas democráticas e a supressão da lei de emergência, vigente desde 1963.
As forças de segurança têm enfrentado com forte repressão as manifestações em Deraa, cerca de 100 quilômetros ao sul de Damasco. Ativistas da oposição e moradores acusaram a polícia de disparar contra os manifestantes, informação negada pelas autoridades sírias, que sustentaram que grupos armados se infiltraram entre os manifestantes para provocar as forças de segurança.
O regime se apressou em alegar que é alvo de um "complô do exterior", que busca "punir" o país por seu apoio a grupos opositores aos Estados Unidos, em uma clara referência ao grupo xiita libanês Hizbollah, ao palestino Hamas e às boas relações com o Irã.
Essas exigências reformistas se estenderam a Damasco e Latakia, no norte do país, onde o Exército se mobilizou para controlar a situação.
Para tentar aplacá-las, as autoridades prometeram várias vezes a introdução de reformas políticas, entre elas a derrogação da lei de emergência, mas sem informar uma data precisa.
Apoio
Ontem, contudo, as ruas foram tomadas por centenas de milhares de apoiadores do presidente sírio. Frases como "urgente: a conspiração fracassou" e "fizemos cair a conspiração e as divisões sectárias" podiam ser lidas nos cartazes dos participantes, em sua maioria funcionários públicos que se manifestaram em cidades como Damasco, Aleppo, Hama e Hasakah, de acordo com as imagens da televisão estatal.
Esta cobertura televisiva contrasta com a censura à imprensa nos protestos populares que começaram na cidade meridional de Deraa em meados deste mês, que se estenderam por várias cidades do país, como Damasco, Aleppo (no norte) e, especialmente, Latakia (no litoral).
Nas concentrações de ontem, um grande número de manifestantes levavam bandeiras sírias e retratos de Bashar al Assad, enquanto gritavam palavras de ordem a favor do ditador, que em 2000 sucedeu no cargo o pai, Hafez al Assad.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink