Após dez meses de protestos, o ditador iemenita, Ali Abdullah Saleh, assinou ontem em Riad, capital real da Arábia Saudita, um acordo apoiado pelos países do Golfo Pérsico que prevê a transferência do poder no Iêmen, prometendo deixar o cargo.
Apesar de ter assinado o acordo, não há certeza de que ele cumprirá o combinado, uma vez que já voltou atrás diversas vezes sobre o assunto desde o início da onda de revoltas contra seu regime, no início deste ano. A cerimônia de assinatura foi acompanhada pelo rei da Arábia Saudita, Abddulah Ben Abdel Aziz. "Hoje, uma nova página da nossa história se inicia", disse o rei saudita às delegações iemenitas presentes durante a assinatura do acordo.
Mais cedo, o emissário da ONU no Iêmen, Jamal Benomar, disse que junto com o documento seria assinado um protocolo para sua aplicação, já aprovado pela oposição.
De acordo com o plano, o ditador deve entregar o poder por um período interino ao vice-presidente Abd Rabbo Mansour Hadi, considerado um homem de consenso. Em troca de sua renúncia, Saleh e seus familiares receberão imunidade.
Segundos fontes próximas a Saleh citadas pela emissora de tevê norte-americana CNN, o ditador deve ficar na Arábia Saudita após deixar o poder.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou, por sua vez, que Saleh receberá tratamento médico em um hospital de Nova York.
Já houve três ocasiões em 2011 em que Saleh se recusou a assinar o acordo pela transferência, mediado por países da região, na última hora.
No poder há 33 anos, o ditador enfrenta há dez meses protestos por sua renúncia.
Obama elogia
O presidente dos EUA, Barack Obama, comemorou como um "passo à frente" a decisão do ditador Ali Abdullah Saleh. Para Washington, o acordo é um "importante passo à frente para o povo iemenita em sua busca por um país unido, democrático e próspero", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Mark Toner.
O governo norte-americano salientou que esta é a hora de uma "transição histórica" no país. "Exortamos a todas as partes dentro do Iêmen a abster-se da violência e avançar diligentemente até a implementação dos termos do acordo, de boa-fé e com transparência, incluindo as eleições presidenciais críveis dentro de 90 dias", acrescentou Toner.