General de perfil discreto será presidente consensual
Abdrabuh Mansur Hadi, que vai assumir a Presidência do Iêmen, é um general de perfil discreto, que emergiu como o homem do consenso durante a crise. Segundo acordo apoiado pela ONU, o vice-presidente assume imediatamente a autoridade executiva, enquanto Saleh permanece como presidente honorário por 90 dias.
Durante o período interino, Saleh não está apto para fazer cumprir qualquer decisão política nem vetar nenhuma de Hadi.
A oposição também deve apresentar imediatamente um candidato para chefiar uma unidade nacional de governo a ser formada durante os 90 dias. O novo governo elegeria então Hadi como o presidente consensual por dois anos, de acordo com fontes políticas.
Hadi tem sido o vice-presidente de Saleh desde 1994 e é também o secretário-geral do partido no poder, o Congresso Geral do Povo (GPC). Mas ele nunca teve um papel principal na política do Iêmen. Em junho, substituiu Saleh, conforme a Constituição, depois que o presidente de 69 anos ficou ferido em um ataque em seu complexo em Riad, e passou mais de três meses em tratamento no reino.
Antisseparatista
Hadi ganhou importância em sua carreia militar na única nação marxista do mundo árabe, o Iêmen do Sul, um Estado com laços próximos à ex-União Soviética, durante a Guerra Fria. Ele permaneceu leal ao presidente do Iêmen do Sul que foi forçado, em janeiro de 1986, a buscar proteção no vizinho Iêmen do Norte, um país que já era governado por Saleh, no poder desde 1978.
A unificação do Iêmen foi proclamada no dia 22 de maio de 1990. Os sulistas tentaram se separar em maio de 1994, provocando uma sangrenta guerra civil durante a qual Hadi estreitou os laços com os iemenitas do norte, para esmagar os separatistas.
Durante a guerra civil, Hadi foi nomeado Ministro da Defesa. Com a vitória sobre as forças do sul em outubro de 1994, ele foi promovido ao posto de vice-presidente e mantido até agora, apesar de uma série de crises políticas, sectárias e tribais.
AFP
Após dez meses de protestos, o ditador iemenita, Ali Abdullah Saleh, assinou ontem em Riad, capital real da Arábia Saudita, um acordo apoiado pelos países do Golfo Pérsico que prevê a transferência do poder no Iêmen, prometendo deixar o cargo.
Apesar de ter assinado o acordo, não há certeza de que ele cumprirá o combinado, uma vez que já voltou atrás diversas vezes sobre o assunto desde o início da onda de revoltas contra seu regime, no início deste ano. A cerimônia de assinatura foi acompanhada pelo rei da Arábia Saudita, Abddulah Ben Abdel Aziz. "Hoje, uma nova página da nossa história se inicia", disse o rei saudita às delegações iemenitas presentes durante a assinatura do acordo.
Mais cedo, o emissário da ONU no Iêmen, Jamal Benomar, disse que junto com o documento seria assinado um protocolo para sua aplicação, já aprovado pela oposição.
De acordo com o plano, o ditador deve entregar o poder por um período interino ao vice-presidente Abd Rabbo Mansour Hadi, considerado um homem de consenso. Em troca de sua renúncia, Saleh e seus familiares receberão imunidade.
Segundos fontes próximas a Saleh citadas pela emissora de tevê norte-americana CNN, o ditador deve ficar na Arábia Saudita após deixar o poder.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou, por sua vez, que Saleh receberá tratamento médico em um hospital de Nova York.
Já houve três ocasiões em 2011 em que Saleh se recusou a assinar o acordo pela transferência, mediado por países da região, na última hora.
No poder há 33 anos, o ditador enfrenta há dez meses protestos por sua renúncia.
Obama elogia
O presidente dos EUA, Barack Obama, comemorou como um "passo à frente" a decisão do ditador Ali Abdullah Saleh. Para Washington, o acordo é um "importante passo à frente para o povo iemenita em sua busca por um país unido, democrático e próspero", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Mark Toner.
O governo norte-americano salientou que esta é a hora de uma "transição histórica" no país. "Exortamos a todas as partes dentro do Iêmen a abster-se da violência e avançar diligentemente até a implementação dos termos do acordo, de boa-fé e com transparência, incluindo as eleições presidenciais críveis dentro de 90 dias", acrescentou Toner.
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