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Perto das eleições na Venezuela, ditador Maduro reprime ainda mais a oposição

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Simpatizantes da oposição venezuelana durante comício em La Victoria (Foto: EFE/Rayner Peña)

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Nunca os grupos oposicionistas ao ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, estiveram sujeitos a ataques e riscos tão grandes. O país se encontra em plena campanha eleitoral, na qual o ex-diplomata Edmundo González Urrutia, da oposição. lidera as pesquisas com mais de 40 pontos percentuais à frente de Maduro. As eleições estão marcadas para 28 de julho.

Na terça-feira (14), o Parlamento da Venezuela aprovou um acordo solicitando ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que cancelasse o convite à União Europeia (UE) para enviar uma missão de observação eleitoral. Jorge Rodríguez, presidente do legislativo, referiu-se aos membros da UE como “mal-educados”, “bastardos”, “canalhas”, “ilegais” e “ilegítimos”.

Uma proposta em tramitação no Legislativo pode permitir que o governo suspenda a campanha da oposição a qualquer momento. Muitos venezuelanos residentes no exterior reclamam que não conseguem se registrar para votar devido aos requisitos caros e complexos.

Membros da oposição estão sendo presos na Venezuela

De acordo com o jornal americano Washington Post, o governo prendeu pessoas ligadas à líder oposicionista Maria Corina Machado que trabalhavam na campanha e emitiu ordens de prisão contra jornalistas que cobriam casos de corrupção no governo.

Na terça-feira, o Foro Penal, uma organização de defesa dos direitos humanos sediada em Caracas, afirmou que a Venezuela mantém 273 presos políticos. “A carga de trabalho dos funcionários do Programa Venezuelano de Educação e Ação em Direitos Humanos (Provea) aumentou exponencialmente”, afirma Marino Alvarado, coordenador da organização.

Nos últimos meses, a entidade foi classificada como “inimiga do povo” e acusada de conspirar contra o país por membros do governo. Desde que Maduro chegou ao poder em 2013, o Provea identificou mais de 43 mil pessoas que tiveram seu direito à integridade pessoal violado.

Os números também incluem 1.652 que foram torturados e 7.309 que foram submetidos a tratamentos ou punições cruéis, desumanas e degradantes. Estes podem ter causado, pelo menos, 28 mortes nas prisões venezuelanas.

O Provea também detectou que, em 2023, houve um aumento de 20% no número de violações aos direitos humanos em comparação ao ano anterior, totalizando mais de 2.600 casos.

Alvarado informou que, pelo menos, três ativistas venezuelanos dos direitos humanos foram presos arbitrariamente. Após uma dessas prisões, especialistas em direitos humanos das Nações Unidas foram expulsos do país.

O The New York Times destaca que, somente neste ano, dez membros da oposição foram presos. Outros cinco têm mandados de prisão e estão refugiados na embaixada argentina em Caracas.

Caso vença, Maduro pode enfrentar dificuldades

O colunista argentino Andrés Oppenheimer, do The Miami Herald e da CNN em Espanhol, disse ao jornal “O Estado de S. Paulo” que, com a oposição unida em torno da candidatura de Urrutia, será mais difícil para Maduro fraudar as eleições e conquistar a legitimidade que busca.

Oppenheimer afirma que aliados de longa data do ditador, como os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Gustavo Petro, começaram a perceber que é prejudicial ser aliado de Maduro.

“É prejudicial porque desvaloriza a marca de seus partidos de esquerda se aliar a um ditador sanguinário como Maduro, que ameaça produzir mais caos na Venezuela, o que resultaria em mais milhões de refugiados venezuelanos em seus países em todo o continente”, afirmou Oppenheimer.

A situação coincide com o momento em que a mais recente onda de expansão da esquerda foi freada com o surgimento de novos governos de direita em países como Argentina, Paraguai e Equador. “O grande dilema no mundo hoje não é entre esquerda e direita, mas entre democracia e ditadura.”

Ele acredita que é bem provável que haja algum tipo de acordo, como aconteceu na Nicarágua no final dos anos 80 e no Chile, no final da ditadura Pinochet. Segundo ele, a própria Maria Corina Machado disse que deve haver garantias para os perdedores. “Mais ou menos, está dizendo que tem de haver uma saída minimamente viável.”

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