O ditador da Síria, Bashar al-Assad, disse que o país árabe recebe informações sobre os ataques aéreos da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico, apesar de ter cortado relações com Washington.
Em entrevista à rede de televisão britânica BBC divulgada nesta terça-feira (10), o mandatário afirmou ter recebido os alertas por meio de países vizinhos, como o Iraque, embora não haja diálogo com os membros da coalizão.
"Às vezes, eles transmitem uma mensagem. Uma mensagem geral, mas nada sobre táticas. Não há diálogo. Há, digamos, informação, mas não diálogo", afirmou.
A maioria dos integrantes da coalizão contra o Estado Islâmico se recusa a cooperar com Assad, que há quatro anos está em guerra civil contra rebeldes que querem tirá-lo do poder. Segundo a ONU, mais de 210 mil pessoas já morreram no conflito.
No entanto, o crescimento do Estado Islâmico com a tomada de grandes partes da Síria e do Iraque gerou uma situação em que alguns países do Oriente Médio hoje consideram uma aliança com o líder sírio para combater a milícia radical.
Apesar disso, Assad descartou participar da coalizão. "Não, definitivamente não podemos e não temos a vontade e não queremos, por uma simples razão: não podemos estar numa aliança com países que apoiam o terrorismo."
O ditador sírio usa o termo terrorista para se referir também à oposição moderada, que recebe apoio dos Estados Unidos, de países europeus e do golfo Pérsico, como a Arábia Saudita e o Qatar.
Ele disse também se recusar a negociar com os americanos. "Eles não falam com ninguém, a não ser com fantoches. Eles facilmente atropelam o direito internacional, a nossa soberania. Então não falam conosco, e nós não falamos com eles".
Guerra civil
Sobre a guerra que trava contra os rebeldes desde 2011, ele negou que suas forças tenham usado explosivos de barril e de fragmentação e chamou as acusações de grupos de direitos humanos de "história infantil".
"Temos bombas, mísseis e balas. Não há bombas de barril, não temos barris. Eu conheço o Exército. Eles usam balas, mísseis e bombas. Não ouvi falar do Exército usando barris -ou, talvez, panelas", diz.
Assad também rejeitou a acusação de que usou armas químicas contra a civis em agosto de 2013, em uma ação que teria matado cerca de 1.400 pessoas. "Quem verificou quem jogou gás em quem?", questionou.
Também negou o uso por parte do governo de gás de cloro, outra acusação recorrente desde que a Síria renunciou ao arsenal químico após um acordo em 2013, e diz ser exagerado o balanço do número de mortos no conflito.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”