A imprensa da Nicarágua viveu, ao longo de 2021, um "feroz ataque", com prisões ilegais, processos judiciais, agressões e campanhas de descrédito contra jornalistas, conforme indicou nesta quarta-feira um relatório da ONG Coletivo de Direitos Humanos Nicarágua Nunca Mais.
"Identificamos sete tipos de repressões que atentam contra a integridade física e psicológica do jornalismo e nove tipos de repressões que criminalizam e judicializam o jornalismo", apontou o documento divulgado hoje.
O relatório mostra que os profissionais de imprensa independentes sofreram, sobretudo, "agressões físicas, as quais foram estendidas para seus familiares, discursos de ódio por funcionários públicos, além de campanhas de descrédito ou desprestígio".
Segundo a ONG, os jornalistas também sofreram "criminalização, judicialização, dano patrimonial, violações à livre mobilidade, circulação e residência, obstáculos para o exercício jornalístico, perseguição fiscal e aduaneira, deslocamento forçado", entre outras ações.
Além disso, o relatório indica que ainda ocorreram "ameaças de investigação, aplicação da Lei de Crimes Virtuais, interrogatórios intensivos, repetitivos e intimidadores, geralmente realizados pelo Ministério Público, privação de liberdade e fabricação de provas incriminatórias".
Ao longo de 2021, segundo o documento, seis profissionais de imprensa foram levados a julgamento.
Entre os casos mais emblemáticos ocorridos em 2021 está o da Fundação Violeta Barrios de Chamorro, cuja diretora, a jornalista Cristiana Chamorro, foi presa após anunciar intenção de concorrer à presidência, em eleição vencida por Daniel Ortega, consideradas ilegítimas pela oposição, pela comunidade internacional e pela Organização dos Estados Americanos (OEA). Cuba deu apoio ao ditador Daniel Ortega, posição que foi seguida no Brasil pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que depois apagou a nota.
Miguel Mora, outro profissional de imprensa que aspirava participar do pleito, também foi preso.
A Nicarágua atravessa crise social e política desde 2018. Desde então, mais de 200 mil pessoas partiram para o exílio, de acordo com a ONG Nicaraguenses no mundo (NEEM).
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