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Perseguição

Ditadura cubana força saída do padre superior dos jesuítas da ilha

Bandeira de Cuba é exibida durante procissão católica em Havana, na semana passada (Foto: EFE/Ernesto Mastrascusa)

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O governo de Cuba forçou nesta terça-feira (13) a saída do padre superior da Companhia de Jesus na ilha, o dominicano David Pantaleón, ao não renovar sua autorização de residência para estrangeiros.

Segundo relataram à Agência Efe fontes próximas à Igreja Católica, as autoridades cubanas decidiram não renovar este documento depois de pedir ao padre que controlasse os comentários políticos críticos dos representantes jesuítas na ilha e Pantaleón não concordou.

O regime cubano não informou sobre a situação de Pantaleón, que também atuava como presidente da Conferência Cubana de Religiosos (Concur). Nem a Igreja Católica Cubana nem a Companhia de Jesus se posicionaram até o momento.

Pantaleón, segundo fontes da Efe, deixou Cuba definitivamente este mês, mas já no início deste ano as autoridades o informaram que sua autorização de residência, que é anual e válida para o ano vigente, não seria renovada.

As tentativas posteriores do padre superior dos jesuítas para obter a licença foram em vão. Pantaleón então deixou Cuba temporariamente, para retornar logo depois com um visto de três meses que expirou agora.

O sacerdote dominicano se posicionou politicamente em algumas ocasiões. A mais destacada foi quando pediu às autoridades, junto com outros religiosos, permissão para levar ajuda aos ativistas do Movimento San Isidro, em greve de fome desde o final de 2020. O pedido foi negado.

“Não se trata de ideologias de esquerda ou direita. Trata-se de coisas tão simples como o direito de viver, de expressar o que se pensa, de discutir as diferenças sem 'satanizar' o outro, de respeitar a dignidade de todos e de todas”, escreveu Pantaleón no Facebook na ocasião.

Outros membros da congregação se posicionaram de forma mais aberta nos últimos meses, especialmente após a repressão aos protestos de 11 de julho do ano passado, os maiores em décadas, e as subsequentes sentenças judiciais de até 30 anos de prisão.

Várias pessoas da Igreja Católica lamentaram a saída do padre superior jesuíta, como sua companheira na Concur, Ariagna Brito Rodríguez, das Irmãs da Caridade do Cardeal Sancha em Cuba.

“Isso não deveria acontecer. Quem deve sair do país são aqueles que usam o poder para viver como reis, às custas de um povo escravo, castigado, açoitado e obrigado a fugir”, escreveu Brito no Facebook.

Pantaleón celebrou no domingo passado sua última missa em Cuba, que foi conduzida pelo arcebispo e cardeal de Havana, Juan García Rodríguez.

A Companhia de Jesus é uma das maiores organizações da Igreja Católica na ilha, opera paróquias e centros educativos e conta com cerca de 300 funcionários em todo o país.

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