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A ditadura da Nicarágua, fazendo uso da Polícia Nacional do país, expulsou seis jesuítas de sua residência na capital Manágua. A residência, conhecida como Villa Carmen e localizada ao lado da Universidade Centro-Americana (UCA) – que recentemente teve seus bens confiscados sob acusação de “terrorismo” - é propriedade da Companhia de Jesus, mas as autoridades do regime de Daniel Ortega a reivindicaram como propriedade estatal.
Nas primeiras horas da madrugada do último sábado (19), membros da polícia, acompanhados por representantes do poder judiciário, que é controlado pela ditadura, se apresentaram na residência Villa Carmen com a intenção de exigir o despejo dos jesuítas.
Apesar de os jesuítas apresentarem documentos que comprovavam que a propriedade pertencia a eles, as autoridades ignoraram tais documentos e ordenaram que os religiosos deixassem a residência. Os agentes do regime ainda permitiram que os jesuítas retirassem alguns objetos pessoais antes de serem despejados.
A Conferência de Provinciais Jesuítas da América Latina e do Caribe emitiu um comunicado em resposta à expulsão, classificando-a como "mais um ato de um espetáculo onde a verdade, a justiça e o respeito pelos direitos inalienáveis dos seres humanos enfrentam medidas que buscam silenciar as vozes que se levantam e apoiam a luta por um país onde os direitos de todos sejam respeitados".
Em seu comunicado, a Conferência de Provinciais Jesuítas reafirmou seu compromisso com a esperança e o apoio à UCA, destacando a hashtag #TodosSomosUca.
A Província Centro-Americana da Companhia de Jesus também condenou veementemente o despejo, expressando sua confiança de que os jesuítas da Nicarágua sejam acolhidos em outro local sob a proteção divina.
Os jesuítas despejados atualmente estão na Comunidade de São Inácio em Manágua.
Esses acontecimentos são parte de uma série de ações repressivas que o regime nicaraguense vem pondo em prática contra os membros da Companhia de Jesus, que incluem o confisco de bens e a apreensão da Universidade Católica – que inclusive teve seu nome trocado, passando a se chamar Universidade Nacional Casimiro Sotelo Montenegro.
Sotelo foi presidente do Centro Estudantil da UCA e guerrilheiro da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), que depôs o ditador Anastasio Somoza em 1979.