O governo da Nicarágua cancelou nesta terça-feira (4) a personalidade jurídica da Fundação Fraternidade dos Pobres de Jesus Cristo, que fornecia alimentos e roupas a pessoas carentes, e ordenou a expropriação de seus bens.
A dissolução dessa associação religiosa, registrada em agosto de 2019, foi aprovada pela ministra do Interior nicaraguense, María Amelia Coronel Kinloch, segundo o acordo ministerial publicado no Diário Oficial La Gaceta.
Segundo o Ministério do Interior, esta ONG foi declarada ilegal por “descumprimento das leis”, porque seu conselho de administração tinha expirado em 25 de fevereiro de 2021 e não prestou contas do período fiscal de 2020, 2021 e 2022, “dificultando assim o controle e a fiscalização da Direção-Geral de Registro e Controle de Organizações Sem Fins Lucrativos” da pasta.
Quanto à liquidação do patrimônio da ONG, o governo explicou que caberá ao Procurador-Geral da República realizar a transferência de bens móveis ou imóveis em nome do Estado da Nicarágua.
Este acordo ministerial ocorre dois dias depois que a pesquisadora nicaraguense exilada Martha Patricia Molina e moradores da cidade de León (noroeste) denunciaram que o governo do ditador Daniel Ortega havia se apropriado da casa onde funcionava a fundação e ordenado a expulsão das quatro missionárias brasileiras que a administravam.
O Instituto das Irmãs Pobres de Jesus Cristo, ao qual pertence a Fundação Fraternidade dos Pobres de Jesus Cristo, informou na véspera que as religiosas, cuja residência não foi renovada pelo governo da Nicarágua, foram acolhidas em El Salvador.
A polícia da Nicarágua invadiu à meia-noite de domingo a casa onde atendiam as missionárias brasileiras, localizada na cidade de León, 90 quilômetros a noroeste de Manágua, segundo relatos de pessoas próximas às religiosas nas redes sociais e na imprensa local.
A Fundação Fraternidade dos Pobres de Jesus Cristo passou sete anos dedicando-se aos pobres, através do fornecimento de alimentos, roupas e orações, na Nicarágua.
As missionárias planejavam deixar a Nicarágua na próxima semana, depois que as autoridades de Imigração e Relações Exteriores do país não renovaram suas residências.
Até 7 de junho, o governo da Nicarágua havia obrigado 77 religiosos a deixar o país desde que estourou a crise sociopolítica em abril de 2018, incluindo o bispo auxiliar da Arquidiocese de Manágua, Silvio Báez, e freiras estrangeiras.
As relações entre o governo Ortega e a Igreja Católica vivem momentos de grande tensão, marcados pela expulsão e prisão de padres e pela proibição de atividades religiosas.
O papa Francisco chamou o governo sandinista de “ditadura rude” em entrevista ao Infobae, apontando “um desequilíbrio na pessoa que dirige” a Nicarágua.
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