O governo de Daniel Ortega proibiu a diretora do concurso Miss Nicarágua, Karen Celebertti, de entrar no país quando ela estava prestes a retornar com sua filha do México, após a consagração da nicaraguense Sheynnis Palacios Cornejo como Miss Universo 2023.
Celebertti, primeira colocada no Miss Nicarágua em 1991 e representante do país na franquia Miss Universo desde 2001, foi detida na quinta-feira (23), junto com sua filha, no aeroporto internacional Augusto C. Sandino, em Manágua, e retornou de avião ao México, confirmaram hoje à Agência EFE fontes próximas à promotora do concurso de beleza.
A Direção de Migração e Assuntos Estrangeiros impediu que ela e sua filha entrassem no país natal quando estavam voltando para a Nicarágua depois de participar de atividades relacionadas ao concurso Miss Universo, de acordo com a plataforma digital Mosaico CSI.
Segundo este portal na internet, a companhia aérea mexicana Aeromexico não as informou por e-mail sobre essa decisão, como acontece com dezenas de nicaraguenses desde abril de 2018, quando começaram as manifestações contra o governo Ortega.
Celebertti, a franquia Miss Nicarágua e o governo de Ortega não comentaram sobre a proibição de entrada no país.
A diretora do Miss Nicarágua fazia parte da delegação de nicaraguenses e da franquia Miss Universo que viajou a El Salvador no último sábado para apoiar a Miss Nicarágua, Sheynnis Palacios, eleita a mulher mais bonita do universo.
Após o concurso em San Salvador, a também diretora de uma agência de modelos acompanhou a recém-coroada Miss Universo em uma turnê promocional em Miami e no México, como parte dos compromissos da nova rainha da beleza universal.
Do México, Sheynnis viajou para Nova York, onde morará por um ano para atender a seus compromissos com a franquia internacional, e Celebertti deveria retornar à Nicarágua.
De acordo com o Mosaico CSI, a mãe, o marido e o filho de Celebertti retornaram à Nicarágua no último domingo, sem nenhum problema.
A diretora do Miss Nicarágua, originária do departamento de Matagalpa, no norte do país, foi brevemente detida em 16 de março de 2019, juntamente com dezenas de críticos e opositores do governo Ortega, no contexto da crise sociopolítica nacional, quando exigia a libertação de presos políticos em Manágua.
Em 8 de setembro de 2022, a franquia Miss Universo destacou em sua conta na rede social X (ex-Twitter) que “com mais de 20 anos de experiência, Karen Celebertti demonstra que é um membro dedicado e apaixonado da família Universo” e convidou as pessoas a conhecê-la por meio de um vídeo que ela compartilhou.
"Ser a diretora nacional desse concurso é algo que muito me encanta, mas mais do que uma paixão, é um estilo de vida, porque se torna um propósito essencial para mim, como mulher, saber que posso orientar outras mulheres ou pelo menos sugerir a elas o que é melhor para suas vidas”, explicou a promotora no vídeo.
Ditadura alega “fins políticos”
O governo do país elogiou no domingo a vitória da nicaraguense Sheynnis Palacios como Miss Universo 2023, e também ressaltou que “a Nicarágua está comemorando com sua rainha”.
No entanto, há dois dias, a vice-presidente do país, Rosario Murillo, acusou aqueles que exaltam a mulher mais bonita do planeta de terem fins políticos, porque, em sua opinião, “eles estão tentando transformar um momento bonito e merecido de orgulho e celebração em um golpe destrutivo”.
Na terça-feira, autoridades nicaraguenses proibiram dois artistas de pintar um mural em homenagem à recém-eleita mulher mais bonita do universo.
Sheynnis, de 23 anos, formada em comunicação social pela Universidade Jesuíta Centro-Americana de Manágua, onde jogou vôlei, é a primeira nicaraguense e centro-americana a vencer o Miss Universo, cuja edição de 2023 foi realizada na noite de sábado em El Salvador.