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A ditadura da Venezuela expressou nesta terça-feira (15) seu “respeito absoluto” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois de o procurador-geral do país, Tarek William Saab, descrevê-lo como um “porta-voz” da esquerda latino-americana “capturado” pela Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos.
O regime venezuelano se desvinculou da declaração, alegando que se trata de uma opinião “de caráter muito pessoal” de Saab.
“O Ministério das Relações Exteriores venezuelano expressa à opinião pública nacional e internacional, especialmente ao povo e ao governo do Brasil, que as recentes declarações emitidas pelo procurador-geral da República sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva correspondem a opiniões de caráter altamente pessoal e em nenhum momento refletem a posição do Executivo nacional”, segundo comunicado do órgão.
As opiniões de Saab foram expressadas numa entrevista à emissora Globovisión no domingo (13).
“Quem é o porta-voz que colocam para dizer as coisas mais absurdas contra o nosso país através dessa chamada esquerda? O senhor [Gabriel] Boric [presidente do Chile]. E quem vem depois dele? Lula. Para mim, Lula foi cooptado. Lula foi cooptado na prisão [pela CIA]. Essa é a minha teoria. Ele não é o mesmo que fundou o PT. Lula não é o mesmo que fundou e inflamou os movimentos operários no Brasil, que se candidatou várias vezes à presidência e não conseguiu vencer”, disse o procurador.
O regime venezuelano reafirmou nesta terça-feira seu compromisso de “construir laços de fraternidade e solidariedade” com o Brasil e expressou seu “respeito absoluto pela carreira de Lula” e “sua liderança”.
Lula, aliado histórico do chavismo, vem cobrando que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela divulgue as atas de votação da eleição presidencial de 28 de julho, que o órgão chavista diz ter sido vencida pelo ditador Nicolás Maduro.
A oposição já comprovou a vitória do seu candidato, Edmundo González, atualmente exilado na Espanha, por meio da divulgação na internet de cópias de pouco mais de 80% das atas.
Em agosto, Lula sugeriu a criação de um governo de coalizão na Venezuela e que Maduro convoque novas eleições.
Em seguida, a líder oposicionista María Corina Machado criticou a ideia numa entrevista. “Propor ignorar o que aconteceu em 28 de julho é um insulto ao povo venezuelano. As eleições já aconteceram”, disparou.
Venezuela chama secretário de Estado americano de “charlatão”
Também nesta terça-feira, o regime da Venezuela chamou de “charlatão” o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, que afirmou que Maduro foi proclamado falsamente vencedor nas últimas eleições. A ditadura chavista disse para Washington lidar com seus “graves problemas”.
Em um comunicado, o governo de Maduro manifestou seu “contundente” repúdio às “últimas declarações” de Blinken, que está, segundo Caracas, “preso a uma falsa e monótona narrativa contra a vontade do povo venezuelano” e “insiste em sua cumplicidade com os violentos extremistas de extrema direita que quiseram causar tantos danos” ao país.
Na opinião do regime de Maduro, a “obsessiva política” da Doutrina Monroe e a “conduta neocolonial e imperial” de Washington são “as bases de apoio aos grupos fascistas nos constantes ataques contra as instituições venezuelanas, incluindo a manipulação dos meios de comunicação e redes sociais, o uso de mercenários e tentativas de assassinatos e desestabilização”.
“Todas estas ações foram e continuarão sendo pulverizadas através do pleno exercício da democracia revolucionária”, afirmou a ditadura chavista, que instou aos EUA que desistam “de uma vez por todas da constante interferência nos assuntos dos venezuelanos”.
Blinken considerou que a ditadura de Maduro manipulou os resultados da eleição presidencial de 28 de julho e denunciou a repressão pós-eleitoral, que deixou ao menos 27 mortos e resultou na prisão de aproximadamente 1,8 mil pessoas.