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Ditadura de Nicolás Maduro quer referendo sobre formas de reincorporar território no qual Guiana quer explorar petróleo
Ditadura de Nicolás Maduro quer referendo sobre formas de reincorporar território no qual Guiana quer explorar petróleo| Foto: Miguel Gutiérrez / EFE

A ditadura da Venezuela quer consultar seus “cidadãos” sobre possíveis "formas e caminhos para a recuperação firme” de uma área de 160 mil quilômetros quadrados em disputa com a Guiana, declarou nesta sexta-feira (29) o primeiro vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello.

As declarações foram feitas durante uma concentração em apoio ao ditador Nicolás Maduro, na cidade costeira de La Guaira. "Será o nosso povo que dirá, e tenha certeza de que o que ele disser será aprovado e implementado pelo governo revolucionário", disse Cabello.

O regime de Maduro tem se movimentado diante de um processo de licitação que a Guiana abriu em setembro para exploração de blocos de petróleo localizados na região da Guiana Esequiba. A área é disputada há anos por ambas as nações.

A ditadura venezuelana alega que as “atividades unilaterais da Guiana não estão de acordo com o direito internacional, já que se destinam a ser realizadas em zonas marítimas ainda não delimitadas e que afetam as zonas marítimas venezuelanas".

Cabello, que é considerado por muitos como a segunda principal liderança chavista, afirmou que "há propostas que falam em povoar a área em disputa e outras que promovem a ideia de criar um Estado nessa região”, mas que todas serão consultadas com o povo.

O referendo é visto pelo regime de Maduro e pelo partido como uma medida defensiva para esse território, com base em outro referendo aprovado em 21 de setembro pelo Parlamento do país, com o objetivo de "reforçar os direitos" da Venezuela sobre a região da Guiana Esequiba.

O vice-presidente do partido ainda afirmou que o chavismo permanecerá "mobilizado, atento e alerta" a qualquer desdobramento dessa disputa territorial.

Disputa antiga por petróleo

A Guiana e a Venezuela estão envolvidas numa disputa de longa data sobre as suas fronteiras. A Corte Internacional de Justiça (CIJ) decidiu, em abril deste ano, que tem jurisdição sobre a questão, o que poderia determinar qual país tem direitos sobre território rico em petróleo e gás, especialmente offshore.

Na primeira quinzena de setembro, a Guiana abriu licitação para exploração da área em questão e recebeu propostas de empresas como a americana Exxon Mobil e da francesa TotalEnergies para alocar oito novos blocos petrolíferos offshore [em alto mar].

Segundo o governo da Guiana, o movimento ajudaria a diversificar o portfólio de empresas de energia participantes de sua indústria nascente, atualmente dominada por um consórcio liderado pela Exxon.

A ditadura venezuelana reagiu em suas redes sociais, dizendo que rejeitava “veementemente a rodada de licenciamento ilegal que está sendo realizada na Guiana". Em referência ao leilão, o regime ainda afirmou que “essas ações não gerarão nenhum tipo de direito a terceiros participantes do processo”.

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, respondeu que o seu país se reserva o direito de "prosseguir com as atividades de desenvolvimento econômico em qualquer parte do seu território soberano ou em quaisquer territórios marítimos adjacentes".

Apoio dos EUA à Guiana

No mesmo período, durante visita à Washington, Ali afirmou que a disputa deveria ser resolvida através da CIJ. “Permitimos que este assunto chegasse à CIJ e encorajamos continuamente a Venezuela a participar plenamente no processo e a que ambas as partes respeitem o resultado do processo”.

O secretário adjunto dos EUA para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Brian Nichols, pediu que o regime venezuelano respeite o processo perante a CIJ. Ele afirmou que Washington “apoia o direito soberano da Guiana de desenvolver os seus próprios recursos naturais”.

Em resposta, durante discurso na Assembleia Geral da ONU, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, chegou a denunciar o que chamou de "intervencionismo dos EUA na disputa territorial com a Guiana".

Em 2018, a marinha da Venezuela interceptou um navio de perfuração contratado pela Exxon próximo da fronteira marítima. Juntamente com a americana Hess Corp e a chinesa CNOOC, a empresa descobriu mais de 11 bilhões de barris de petróleo e gás, e continua a explorar e produzir petróleo na Guiana.

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