Bruxelas Os governantes dos 27 países da União Européia não chegaram, no primeiro dia de sua reunião de cúpula, a um acordo sobre as divergências que bloqueiam a aprovação do tratado que regulamentará o funcionamento do bloco. Em entrevista no fim da noite, a chanceler (premier) alemã Angela Merkel, que ocupa a presidência rotativa da UE, disse que os líderes concordaram em continuar trabalhando hoje para romper o impasse.
"Concordamos em fazer todos os esforços para chegar a um acordo. Isso é possível? Não é possível dizer, disse ela.
O tratado foi proposto pela Alemanha para substituir o projeto de Constituição da UE, derrotado em referendos na França e na Holanda em 2005.
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, chegou à cúpula pedindo "plena satisfação a sua exigência de descartar do projeto a Carta dos Direitos Fundamentais, que interferiria nas legislações dos países-membros em questões como polícia, imigração, regras judiciárias, previdência e direitos trabalhistas. Blair também se opõe à criação do cargo de ministro europeu das Relações Exteriores, que limitaria a liberdade diplomática dos Estados membros. A idéia desse superministro é ainda rejeitada pela Holanda.
Matemáticos
Mais cedo, a França disse acreditar que a questão mais aguda, levantada pela Polônia, poderia ser objeto de compromisso. A Alemanha e outros países maiores estavam dispostos a fazer concessões aos poloneses, que se opõem ao sistema de votação proposto para as decisões internas, por acreditar que ele prejudicaria os países menores. A Polônia não concorda com o sistema de "dupla maioria, pelo qual uma proposta seria aprovada nas reuniões se recebesse votos com o peso de 55% dos países e de 65% da população do bloco.
O presidente polonês, Lech Kaczynski, que chegou ao encontro com matemáticos em sua delegação, estaria disposto a aceitar a mesma regra, desde que modificado o critério demográfico, de 65% para 62%. Isso bastaria para conter o direito de bloqueio que os poloneses acreditam que Berlim conquistaria, se mantida a proposta original.
A República Tcheca, embora de forma menos ruidosa, era o único país a apoiar a reivindicação dos poloneses. Mas nenhuma declaração indicava ontem à noite uma abertura para soluções. A única indicação partiu do porta-voz da Presidência francesa, David Martinon. Ele disse "acreditar que a presidência alemã reduziria as diferenças de peso entre os países maiores e menores nos critérios de votação. Quanto às exigências de Blair, diplomatas acreditam que a opção seria aceitá-las. A União Européia seria menor e com menos poderes, obedecendo à formatação imposta pelos "eurocéticos, majoritários entre os britânicos.
O fato é que o encontro, iniciado às 18h, foi precedido de uma intensa maratona diplomática. Merkel pediu para que o presidente francês Nicolas Sarkozy participasse da tentativa de convencimento dos poloneses. Sarkozy se reuniu no início da tarde com os premier espanhol, José Luis Zapatero, e com o italiano, Romano Prodi. Menos conciliador, o premier dinamarquês, Anders Fogh Rasmussen, criticou duramente a Polônia por ter argumentado na véspera que seu peso demográfico seria maior caso a Alemanha nazista não a tivesse vitimado com um genocídio durante a Segunda Guerra Mundial. Evocar o passado, disse Rasmussen, "é um absurdo.
A conferência deveria em princípio terminar hoje, mas o presidente da Comissão Européia, Manuel Durão Barroso, afirmou que poderá se prolongar até amanhã.
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