Cidade devastada por tufão nas Filipinas: estudo indica que mudanças climáticas podem agravar desastres naturais| Foto: John Javellana/Reuters

Mercado de carbono pode ser alternativa

A formalização de um acordo para reduzir os níveis de emissão de gases do efeito estufa esbarra, entre outros fatores, nas divergências entre os países. Enquanto as nações desenvolvidas defendem que haja uma maior distribuição das responsabilidades, visto que somente os países industrializados têm o compromisso de cortar as emissões, os mais pobres argumentam que é necessário um envolvimento maior das grandes potências, de modo a não prejudicá-los economicamente.

Durante a COP-19, uma das alternativas discutidas para equilibrar as emissões é a implantação de um mercado global de carbono, sobre o qual também não há consenso entre as partes. Enquanto alguns países defendem o mecanismo, que serve para compensar os cortes, outros entendem que é prematuro focar nos mercados, visto que as mudanças climáticas exigem ações mais imediatas.

Interseção

Segundo a agência de notícias Reuters, atualmente 40 países possuem ou estão desenvolvendo mercados próprios de carbono. Através desses mercados, os países negociam os limites de emissão que estejam sobrando. Um desses países é a Nova Zelândia, que defende a discussão em torno de um mercado global. "Os mercados são vitais e não é prematuro discuti-los. É mais do que oportuno pensar agora em como fazer essa interseção", afirmou Jo Tyndall, embaixador neozelandês para mudanças climáticas.

Para Tyndall, há uma ligação direta entre os mercados de carbono e o financiamento das ações para reduzir emissões de gases nos países pobres. Já o governo da Arábia Saudita considera a discussão prematura. "Um mercado global é importante, mas ainda é cedo para desenvolvê-lo, com tantas outras questões a serem resolvidas até 2015", afirmou o representante saudita na conferência, Khalid Abuleif.

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Poluentes

Emissões de dióxido de carbono tiveram redução em 2012

Um estudo realizado pela PBL – Agência Holandesa de Avaliação Ambiental – divulgado recentemente mostra que as emissões de dióxido de carbono cresceram em menor grau no ano passado. O elemento está entre os principais componentes dos gases de efeito estufa e é apontado como um dos vilões do aquecimento global.

De acordo com o estudo, a redução nas emissões de dióxido de carbono em 2012 foi de 1,1%, um índice ainda pequeno. No entanto, essa variação pode ser considerada significativa se comparada com o aumento médio de 2,9% ao longo da última década. A China, principal emissor no mundo, reduziu seus índices em 4%, assim como os EUA, segundo maior emissor.

O estudo indica que os países desenvolvidos são responsáveis por praticamente metade das emissões de dióxido de carbono do planeta (48%). Por isso, "o debate nas negociações climáticas da ONU deve ficar focado nos países que mais têm contribuído com o aquecimento global", aponta a agência.

40% foi o porcentual de aumento na concentração de dióxido de carbono na atmosfera desde a Revolução Industrial, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). De acordo com a organização, o crescimento na emissão de gases poluentes é responsável pelo aumento nas temperaturas e pelas consequentes mudanças climáticas. Por conta disso, o IPCC defende um acordo para que os países reduzam progressivamente essas emissões.

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Delegados conversam na COP-19, conferência climática que ocorre em Varsóvia, na Polônia

Mais uma vez, o mundo vive a expectativa de um acordo para redução das metas de emissão de gases do efeito estufa (GEE), a fim de contornar os efeitos do aquecimento global. Esse acordo pode ser alinhavado até a próxima sexta-feira, quando termina em Varsóvia, na Polônia, a 19ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-19). E mais uma vez, também, prevalecem as poucas esperanças de que os países participantes concordem em adotar medidas mais impactantes. Questões políticas são apontadas como o principal entrave para que se avance nesse sentido.

Desde a última segunda-feira, representantes de 190 países estão reunidos na capital polonesa para discutir os efeitos das mudanças climáticas e ações para tentar minimizá-los. O objetivo maior é definir as bases de um acordo que seria assinado em 2015, durante o próximo grande encontro climático marcado para Paris, na França. A ideia é fazer com que as potências se comprometam a reduzir suas emissões de gases, o que não foi possível no último encontro, realizado em 2009 em Copenhaguen (Dinamarca). Na oportunidade não houve consenso entre os participantes sobre os níveis de redução.

Na primeira semana de debates, o que se viu mais uma vez foram estatísticas alarmantes, cobranças, mas pouco resultado prático. De concreto, foi apresentado um parecer do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), indicando que, para conter o aquecimento global em 2°C, é necessário que as emissões de GEE (que incluem dióxido de carbono e metano, entre outros) sejam reduzidas pela metade até 2050.

Divisão

O impasse está no volume de redução que caberá a cada país, algo discutido pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1992. O Protocolo de Kyoto, firmado em 1997, estabeleceu que apenas os países desenvolvidos cortassem suas emissões. Agora, as potências defendem que os países pobres também sejam incluídos no acordo. Atualmente a China é responsável pela maior parte das emissões globais de CEE (23%), seguida pelos Estados Unidos (15%) e União Europeia (11%).

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Dana Nuccitelli, cientista norte-americano e articulista do jornal britânico The Guardian, acredita que a redução na emissão de gases poluentes é uma questão muito mais política do que técnica. Em artigo publicado no início do mês ele lembra que não apenas nos Estados Unidos, mas em países como Austrália e Canadá, há restrições de grupos políticos a ações governamentais. "Do ponto de vista da gestão de riscos, falhar na redução da emissão de gases do efeito estufa é simplesmente estúpido. A oposição às ações climáticas não é sobre ciência, é sobre política", afirma.

Conferência alerta para catástrofes

Realizada sob o impacto do tufão Haiyan, que varreu as Filipinas no final de semana passado e provocou um volume estimado de 10 mil mortes, a COP-19 foi palco de discursos que cobraram uma ação mais efetiva das grandes potências para evitar novas catástrofes.

Apesar de haver controvérsias sobre a relação direta entre mudanças climáticas e desastres naturais, alguns estudos apontam para o agravamento da situação caso não sejam tomadas medidas mais incisivas.

Temperaturas

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Segundo o último relatório do Painel Intergover­namental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o aumento na emissão de gases do efeito estufa vai elevar as temperaturas, intensificando assim a possibilidade de tempestades e ciclones tropicais, causados pelo encontro de massas de ar quente e frio.

"Se estamos fazendo com que a atmosfera esteja mais carregada com umidade, qualquer tempestade tem grande potencial para se tornar mais intensa", afirma George Tselioudis, pesquisador da Nasa.

Além disso, o aquecimento aumentou o nível de água dos oceanos em 3,2 milímetros por ano, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Isso deixaria as populações costeiras mais vulneráveis às tempestades.