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‘Dividida’ sobre Maduro, esquerda brasileira se une contra Guaidó

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, diz ter comparecido à posse de Maduro | Albari Rosa/Gazeta do Povo
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, diz ter comparecido à posse de Maduro (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

A decisão do presidente Jair Bolsonaro de reconhecer Juan Guaidó como presidente da Venezuela acabou por reunificar a esquerda no Brasil. Palco de divisões internas a respeito do governo de Nicolás Maduro, PT, PC do B e PSOL se manifestaram contra a declaração de Bolsonaro.

Presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Guaidó se declarou presidente interino do país na quarta (23). Logo em seguida, foi reconhecido pelo governo dos EUA, Brasil e outros países da região.

Por intermédio de sua assessoria, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota nesta quinta-feira (24) afirmando que Bolsonaro não tem moral para falar de Venezuela.

"Que moral tem esse governo que prende seu maior adversário, frauda uma eleição com fake news de WhatsApp bancadas com caixa 2, que moral tem para falar de Venezuela? Bolsonaro não cuida nem do filho quer cuidar do país alheio?", disse a nota de Lula, que está preso em Curitiba condenado por lavagem de dinheiro e corrupção.

O ex-presidente se referia ao filho de Bolsonaro, o senador eleito Flávio Bolsonaro, investigado pelo Ministério Público do Rio por depósitos suspeitos em sua conta identificados pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Nas notas, os partidos de esquerda frisaram a tradição histórica do Brasil de não interferência e busca de saídas negociadas para conflitos em países vizinhos.

As legendas não fizeram qualquer defesa ao governo Maduro. Duas semanas após a controvérsia em torno da presença da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, na posse de Maduro, o partido nem sequer cita seu nome na nota sobre a Venezuela.

"Incapaz de lidar com os problemas reais do Brasil, o governo de Jair Bolsonaro intrometeu-se nos assuntos internos de um país vizinho, a Venezuela, submetendo-se de forma humilhante à política externa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump", diz a nota, acrescentando que "não compete ao Brasil nem a outros países decidir quem deve ou não deve governar a Venezuela, que tem um presidente eleito pela maioria da população".

Reconhecendo divergências internas, o senador Humberto Costa (PT-PE) diz ser importante ressaltar que o Brasil está mudando sua política internacional de busca negociada.

Após debates internos, o PSOL também decidiu não citar o nome de Maduro em sua nota, limitando-se a afirmar que "Juan Guaidó é parte de uma inaceitável intervenção externa urdida pelo Departamento de Estado dos EUA, com apoio dos governos de direita e extrema direita da América do Sul, entre eles, o Brasil".

"Alinhar-se aos interesses dos EUA e à oposição de direita representa, portanto, um grave ataque à soberania do povo venezuelano, que só se justifica pela necessidade de encobrir os graves escândalos envolvendo a família Bolsonaro", diz a nota do PSOL, cujos integrantes, entre eles, o deputado Jean Wyllys, já criticaram publicamente Maduro.

Sem elogios a Maduro, cujo nome é citado na nota, o PC do B diz que o Brasil é usado pelo governo de Donald Trump. "O Brasil há 140 anos não tem conflitos militares com seus vizinhos. Ao contrário, sempre adotou os caminhos negociados e equilíbrio pragmático nas relações internacionais, em especial com os vizinhos latino-americanos e caribenhos", diz o PC do B.

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