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Dividido, Congresso dos EUA inicia audiências sobre a Síria

O Congresso dos Estados Unidos inicia nesta terça-feira (3) uma série de audiências sobre a violência na Síria que antecedem a votação sobre um possível ataque militar contra o país árabe e que ainda não está garantido.

Como antessala ao debate e a votação sobre a Síria na próxima semana, o Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA realiza nesta terça-feira uma audiência sobre o pedido do presidente, Barack Obama, de autorização do uso da força contra esse país.

A audiência contará com a participação dos secretários de Estado, John Kerry, de Defesa, Chuck Hagel, e do chefe do Estado-Maior Conjunto, o general Martin E. Dempsey.

Amanhã, o Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes realizará uma audiência sobre o tema com Kerry. Durante a tarde, o Comitê de Relações Exteriores do Senado fará outra, a portas fechadas, para receber relatórios confidenciais.

A Câmara começará a debater o assunto assim que voltar do recesso, na próxima segunda-feira. Os dois partidos, Republicano e Democrata, estão divididos sobre a intervenção dos EUA no conflito civil na Síria que explodiu em março de 2011 e já matou pelo menos 100 mil pessoas.

O Congresso está fragmentado em quatro grupos: os partidários do ataque, os opositores, os que se mostram inicialmente contra e os indecisos, que exigem um plano de ação claro e que Obama consiga uma ampla coalizão internacional para a missão.

Segundo o jornal "The Washington Post", se a votação fosse hoje, das 100 cadeiras no Senado, 59 se declarariam indecisas, 20 apoiariam a ação militar, 17 se inclinariam contra e quatro estariam firmemente contra.

Na Câmara, dos 211 sondados do total de 435 parlamentares, há 91 indecisos, 17 que apoiam um ataque, 67 que se inclinam contra e 36 totalmente contrários.

Embora a Administração Obama argumente que não precisa constitucionalmente da permissão do Congresso, um "sim" do Legislativo lhe daria um importante respaldo político.

Em situações como o uso da força, o Legislativo dos EUA costuma recorrer à figura de "resoluções conjuntas". Não está claro ainda o que fará a Casa Branca se o Congresso rejeitar a resolução.

Uma lei federal de 1973, a chamada Resolução sobre Poderes de Guerra ("War Powers Resolution"), estabelece que o Congresso é o responsável por autorizar uma guerra, apesar de o líder poder posicionar tropas quando considerar existir uma "emergência nacional" por causa de um ataque contra o país ou seus interesses.

Mesmo assim, o Executivo teria um prazo de 60 dias para conseguir o aval do Congresso ou, caso contrário, retirá-las. O secretário de Estado, John Kerry, foi evasivo ao ser perguntado o que Obama fará caso o Congresso não lhe der sinal verde.

Ao se reunir hoje com os principais líderes democratas e republicanos das câmaras do Congresso, Obama reiterou que a ação militar será "apropriada" e "limitada", e não implicará na presença de soldados no terreno.

"Não é o Iraque e não é o Afeganistão", afirmou Obama, ao explicar que a missão será "enviar uma mensagem clara" ao governo sírio e debilitar suas capacidades para o uso de armas químicas "tanto agora como no futuro".

Após a reunião, o presidente da Câmara, o republicano John Boehner, disse que "apoia" o pedido de Obama porque é algo que "Estados Unidos, como país, precisam fazer".

O porta-voz de Boehner, Michael Steel, suavizou a afirmação ao dizer que corresponde a Obama persuadir a opinião pública e o Congresso sobre a urgência do uso da força.

"Todo mundo entende que é uma luta para aprovar uma resolução, e o presidente da Câmara espera que a Casa Branca responda às dúvidas dos legisladores e lidere os esforços" para conseguir sua aprovação, disse Steel.

"Todos os votos para autorizar o uso da força militar são votos de consciência para os legisladores, e sua aprovação requer um contato direto e contínuo da Casa Branca", enfatizou.

Para a líder da minoria democrata na Câmara, Nancy Pelosi, "é necessário que o povo americano escute mais sobre os relatórios de inteligência que apoiam esta ação", embora tenha insistido que o ataque com armas químicas está "fora da conduta humana civilizada, e devemos responder".

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