Junta Militar formaliza dissolução do Parlamento egípcio
Decreto emitido pelo marechal Hussein Tantawi diz que "o Parlamento se considera dissolvido a partir da sexta-feira 15 de junho".
Luta interna
Veja quais são as principais forças que disputam o poder no Egito:
Junta militar
Órgão criado pelo Comando Supremo das Forças Armadas (Scaf) para governar o país após a queda do ex-ditador Hosni Mubarak, 82 anos. No início de maio, havia prometido deixar o poder nas mãos de uma autoridade civil antes de 30 de junho e se comprometeu a organizar eleições livres e transparentes.
Na quinta-feira, porém, assumiu o Legislativo depois de o Supremo Tribunal anular as eleições de janeiro.
Irmandade muçulmana
Coligação com maior número de cadeiras antes da dissolução do Parlamento, liderada pelo partido Liberdade e Justiça. Grupo vencedor das primeiras eleições livres para a Assembleia Nacional. Existe desde 1928, atuando em mais de 60 países. Sua influência vem da mistura entre religião e assistência social.
Justificativa da Suprema Corte para a dissolução do Parlamento= Um terço das cadeiras deveria ser ocupado por candidatos independentes; na prática, boa parte é filiada à coalização da Irmandade Muçulmana.
Candidatos do segundo turno
Mohamed Mursi, 61 anos: Líder do Partido Liberdade e Justiça, da Irmandade Muçulmana; estudou nos EUA
Ahmed Shafiq, 71 anos: Ex-comandante da Aeronáutica, foi primeiro-ministro nos dias finais da ditadura
Fonte: Folhapress
Segundo turno das eleições no Egito
Os egípcios começaram a votar neste sábado (16), divididos entre o islamita Mohammed Mursi e o militar aposentado Ahmed Shafiq e sob a pressão que representa escolher um presidente em um momento-chave para a transição política no país.
Segundo a Agência Efe pôde comprovar, a afluência de eleitores foi relativamente menor que no primeiro turno de três semanas atrás em diferentes bairros do Cairo, com poucas filas de pessoas suportando as altas temperaturas diurnas e esperando para depositar sua cédula nas urnas.
Forças policiais e militares se encarregaram de reforçar a segurança nos colégios eleitorais, quase todos limpos de cartazes propagandísticos, enquanto fora deles algumas pessoas vagueavam e pediam o voto para um dos candidatos.
Essa situação foi vivida na faculdade de Economia da Universidade de Heluan, no popular bairro de Bulaq, onde um grupo de mulheres sussurrava aos transeuntes o nome de Shafiq, último primeiro-ministro do ex-presidente Hosni Mubarak.
Dentro do colégio eleitoral, homens vestidos à paisana e sem se identificar controlavam junto às forças da ordem o processo eleitoral, assim como o trabalho dos jornalistas credenciados.
Após exercer seu direito ao voto, o engenheiro Hazem Ali assinalou à Efe que havia optado por Mursi, o candidato da Irmandade Muçulmana com o qual disse identificar-se por ser islamita.
"Há dúvidas que possa haver fraude e Shafiq vença. Mas, se Shafiq vencer, não há problema e eu, pessoalmente, não vou protestar", destacou Ali.
Nos últimos dias, a Irmandade Muçulmana alertou para uma possível fraude, e por isso que hoje desdobrou um grande número de delegados nos centros de votação, que abriram suas portas às 8h locais (3h de Brasília).
Cerca de 14 mil juízes supervisionam o pleito, segundo a Comissão Eleitoral do Egito, que hoje ordenou a detenção de pessoas que facilitem perante os locais de votação canetas com tinta invisível, que desaparece minutos após ter sido utilizada.
No colégio Saleh Hamad, no bairro de Shubra, de maioria cristã, uma circular avisava aos juízes que não deixassem os eleitores assinar nas listas após votar com canetas trazidas de fora do centro.
"Até agora as eleições estão transparentes", garantiu à Efe o egípcio Ihab Dimitri, trabalhador do setor turístico, em crise desde a revolução de 25 de janeiro.
"Estou totalmente contra um islamita no poder", disse Dimitri, que confia que Shafiq será o próximo chefe de Estado e recuperará a estabilidade econômica do país.
Uma opinião similar expressou o idoso Ahmed Salama na saída da Faculdade de Artes no bairro de Zamalek, onde votou no militar aposentado e sentiu falta de uma maior participação dos jovens nas eleições que pudesse "rejuvenescer" a política egípcia.
Parte dos grupos revolucionários optou por boicotar o pleito, contrários à inclusão de Shafiq e ao poder da Junta Militar, máxima autoridade provisória que dirige o processo de transição desde a renúncia de Mubarak em fevereiro de 2011.
O coordenador do movimento juvenil 6 de Abril, Ahmed Maher, pediu em comunicado que o Ministério do Interior se abstenha de reprimir as manifestações que possam ser convocadas se Shafiq chegar ao poder de maneira "ilegítima".
Os revolucionários e defensores de direitos humanos estão em alerta depois que nesta semana o governo autorizou por decreto que os militares possam prender civis em casos de crimes comuns.
A tensão se viu aumentada também pela dissolução do Parlamento, formalizada hoje pela Junta Militar após a decisão judicial emitida há dois dias pelo Tribunal Constitucional, que considerou inconstitucional a maneira como se elegeu um terço dos deputados.
Convocados a designar o primeiro presidente depois da revolução, mas sem uma Constituição redigida nem um Parlamento, cujo poder legislativo está agora nas mãos da Junta Militar, os egípcios jogam seu futuro nestas históricas eleições.
"Não estou desesperada nem contente. Não queria nenhum dos dois candidatos, mas sou obrigada a escolher", comentou à Efe a egípcia Helana Hana, pouco antes de depositar seu voto na urna.
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