Em entrevista exclusiva à BBC veiculada nesta terça-feira (15), o tenista sérvio Novak Djokovic, atual campeão mundial do tênis masculino e o primeiro jogador da história do esporte a ultrapassar a marca de 100 milhões de dólares em premiações, afirmou estar disposto a renunciar ao posto de maior do mundo caso seja obrigado a se vacinar contra a Covid-19.
O atleta negou ser “antivacina” e disse estar com a “cabeça aberta” para repensar a decisão de se imunizar ou não, mas foi categórico em sua oposição à obrigatoriedade da vacina para a participação nos torneios.
Vencedor de vinte Grand Slams, Djokovic foi deportado da Austrália no último mês de janeiro depois de uma controvérsia acerca de sua condição de não-vacinado. O atleta chegou a receber uma permissão especial do Comitê Médico independente, mas teve seu visto cancelado pelo próprio ministro da Imigração do país, Alex Hawke, e acabou ficando de fora do Aberto da Austrália.
"Nunca fui contra a vacinação. Eu mantenho minha cabeça aberta, porque estamos todos tentando encontrar, coletivamente, a melhor solução possível para acabar com a Covid, certo? Quer dizer, ninguém quer estar nesse tipo de situação em que estamos coletivamente por dois anos. Eu sou parte de um esporte global que é disputado toda semana em um lugar diferente”, afirmou Djokovic, à BBC.
“Então, sabe, eu entendo as consequências da minha decisão e uma das consequências da minha decisão era não ir para a Austrália, e eu estava preparado para não ir. E eu entendo que, por não ser vacinado hoje, não posso viajar para a maioria dos campeonatos no momento. Este é o preço que estou disposto a pagar", completou.
No vídeo divulgado pela emissora, o repórter responde ao comentário de Djokovic questionando se o tenista estaria disposto a abrir mão de “renunciar à chance de ser o maior jogador que já segurou uma raquete, estatisticamente”, por se opor “tão fortemente” à vacina, além de perder o torneio da França e o prêmio de Wimbledon; ao que o jogador retrucou: “Sim, é um preço que estou disposto a pagar”.
"Os princípios de tomada de decisão sobre meu corpo são mais importantes que qualquer título ou qualquer coisa. Eu tento estar sintonizado com meu corpo o máximo que posso", explicou o jogador.
"O que você diz diretamente aos ativistas ao redor do mundo que declaram com orgulho 'Novak Djokovic é um de nós'?", perguntou o jornalista.
"Eu digo que todos tem o direito de escolher, de agir ou dizer qualquer coisa que sinta que seja apropriado para si, e eu nunca disse que sou parte deste movimento. Sabe, ninguém, em todo o processo durante a saga na Austrália, perguntou minha posição ou opinião sobre vacinação. Ninguém".
"Então não pude expressar realmente, sabe, o que sinto e como me posiciono. Nem no processo legal, nem fora, então é realmente lamentável que tenha ocorrido esse tipo de equívoco e conclusões erradas que foram feitas ao redor do mundo baseadas em algo com que discordo completamente", definiu o tenista.
- Zelensky diz que Ucrânia “não tem medo” e transforma dia da invasão russa em festa nacional
- Ao lado de Putin, Bolsonaro defende a paz e salienta valores conservadores em comum
- Não, os caminhoneiros canadenses não são extremistas
- Quais medidas o governo do Canadá pode tomar contra os caminhoneiros após invocar Lei de Emergências