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Diplomacia

Documentarista retrata a influência da América Latina sobre Walt Disney

A serviço do governo Roosevelt, Walt Disney se tornou um embaixador contra o nazismo | Alan Fisher (Coleção New York World-Telegram e The Sun)/Biblioteca do Congresso
A serviço do governo Roosevelt, Walt Disney se tornou um embaixador contra o nazismo (Foto: Alan Fisher (Coleção New York World-Telegram e The Sun)/Biblioteca do Congresso)

Walt Disney (1901-1966) e vários artistas do estúdio que levava o nome dele fizeram uma viagem de duas semanas e meia pela América Latina em 1941, numa turnê paga pelo governo dos Estados Unidos que serviu de inspiração para produções clássicas do homem que criou Mickey Mouse e Pato Donald, entre vários outros personagens.

Eram tempos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e o governo do então presidente Franklin Roosevelt olhava com receio a crescente influência que a Alemanha nazista e as potências do Eixo tinham sobre os países latino-americanos. Para reverter a situação, Washington decidiu enviar o melhor embaixador do país: Walt Disney, que à época já era uma celebridade internacional.

"A viagem pela América Latina trouxe uma renovação artística para Walt Disney", diz Theodore "Ted" Thomas, filho do animador Frank Thomas, que trabalhou próximo de Disney e participou da expedição ao continente sul-americano. A viagem dos americanos deu origem ao documentário dirigido por Ted Thomas, chamado Walt & El Grupo, com detalhes sobre o que teria acontecido aos embaixadores dos EUA.

Produtos diretos da turnê foram dois dos títulos menos conhecidos do período clássico da Disney, Alô, Amigos (1942) e Os Três Cavalheiros (1944), ambientados em paisagens latino-americanas como a Patagônia, os Andes, o Rio de Janeiro e a Cidade do México e realizados por pedido expresso do governo dos EUA.

No entanto, de acordo com Thomas, a importância da viagem para Disney foi muito além e a influência dela se estende a títulos icônicos como Cinderela (1950), Alice no País das Maravilhas (1951) e Peter Pan (1953).

"A viagem teve um grande impacto sobre o próprio Walt e todos os artistas que o acompanharam. Talvez o caso mais destacado seja o de Mary Blair. Durante o tempo em que passou na América Latina, o estilo e a paleta de cores de Blair sofreram uma grande transformação, adquirindo muitas influências da natureza e das culturas latino-americanas", explicou Thomas.

O novo estilo adquirido por uma das poucas mulheres artistas do estúdio — e da máxima confiança de Disney — fez dela a principal responsável pelo desenvolvimento gráfico das animações produzidos no início da década de 1950.

Mitos

Já falaram que Walt Disney era antissemita, racista, sexista e informante do FBI. A especulação mais absurda diz que o corpo dele (ou só a cabeça) estaria congelado numa câmera sob a Disneylândia. Esta última informação é mentira, mas as outras ainda são debatidas por historiadores e especialistas. Segundo o biógrafo Neal Gabler, é fato que Disney era próximo de antissemitas, que produziu um filme racista (Song of the South) e que tinha reservas quanto a mulheres fazerem trabalho criativo.

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