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Documento revela violações das Rússia ao deportar crianças ucranianas para seu território
Documento da Bring Kids Back UA denuncia violações da Rússia ao deportar de forma forçada crianças ucranianas em áreas ocupadas| Foto: EFE/EPA/HANNIBAL HANSCHKE

A organização Bring Kids Back UA (Tragam as Crianças de Volta à Ucrânia) divulgou um novo documento, datado de 27 de agosto, intitulado "Protegendo Crianças de Transferências Forçadas e Deportação", que expõe sérias violações cometidas pela Rússia na deportação de crianças ucranianas que viviam em áreas ocupadas pelas forças do ditador Vladimir Putin no país vizinho.

Segundo a organização, o documento foi apresentado para funcionários do governo ucraniano, advogados internacionais de direitos humanos, acadêmicos e ONGs. Ele destaca a gravidade das ações russas realizadas no contexto da guerra entre a Rússia e Ucrânia, desde a invasão da Crimeia em 2014, até a invasão total do território ucraniano iniciada em 2022.

O documento detalha como o ditador Putin e seu regime na Rússia violaram leis internacionais ao transferir, de forma ilegal, crianças ucranianas para o seu território sob o pretexto de que elas necessitavam de cuidados médicos e apoio. Segundo o relatório, muitas dessas crianças não tiveram acesso aos cuidados alegadamente oferecidos e não foram devolvidas à Ucrânia, como deveria ter ocorrido. Em vez disso, elas foram encaminhadas para abrigos na Rússia, onde muitas permanecem sem documentação legal.

A análise do documento da Bring Kids Back UA critica veementemente as justificativas fornecidas pela Rússia para a transferência dessas crianças, destacando que tais ações forçadas violam o Artigo 49 da Quarta Convenção de Genebra, que proíbe a remoção forçada de civis, e o Artigo 8 do Estatuto de Roma, que classifica a deportação ilícita como um crime de guerra.

O relatório também menciona que essas práticas configuram crimes contra a humanidade de acordo com o Artigo 7 do Estatuto de Roma, além de violar os direitos das crianças, conforme estabelecido na Convenção sobre os Direitos da Criança (CDN), incluindo o “direito à identidade, à reunificação familiar e à proteção contra adoções não autorizadas”.

Essas transferências também constituem uma grave violação dos princípios de proteção e cuidado estabelecidos pelo Direito Internacional Humanitário (DIH) e pelo Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH).

Para remediar essas violações, o relatório recomenda que a Rússia devolva imediatamente as crianças sequestradas, cesse todas as medidas que alterem o status pessoal das crianças e coopere com instituições internacionais para garantir a reunificação familiar e o retorno das crianças à Ucrânia. Além disso, a Bring Kids Back UA pede que a Rússia respeite a natureza temporária das evacuações e cesse a deportação de crianças sob cuidados alternativos.

A organização também faz um apelo à comunidade internacional para exigir que a Rússia e seus aliados cumpram suas obrigações sob o direito internacional, garantam o acesso a registros sobre as crianças deportadas e cooperem com missões internacionais para monitorar as condições de essas crianças.

Diante das graves acusações e das evidências apresentadas, o documento da Bring Kids Back UA solicita uma ação coordenada dos governos e organizações internacionais para enfrentar essas violações e assegurar a proteção e o retorno das crianças ucranianas afetadas pela guerra.

Andriy Yermak, chefe do Gabinete do Presidente da Ucrânia e membro da Força-Tarefa Bring Kids Back UA, disse que “o documento que estamos apresentando hoje está no centro dos esforços ucranianos para envolver a comunidade internacional na restauração da justiça sustentável. O quarto item da fórmula de paz da Ucrânia e da iniciativa Bring Kids Back UA tem o objetivo claro de devolver todas as crianças roubadas e trazê-las de volta para casa, sem condições ou exceções. Esta não é apenas uma iniciativa de Estado - mas é nosso dever para com nossos filhos e as futuras gerações”.

"Hoje não estamos apenas apresentando um documento, estamos pedindo ação. Apelamos à comunidade internacional para condenar este crime e fazer todo o possível para devolver nossas crianças ucranianas”, disse Yermack.

“As estimativas do governo chegam a 20.000 crianças que foram transferidas e deportadas à força, com estimativas de alcançar números ainda mais amplos, chegando a várias centenas de milhares”, disse Sharanjeet Parmar, durante discurso na apresentação do relatório. Parmar é membro da Força-Tarefa Bring Kids Back UA, ex-professora de Direito da Harvard Law School e promotora contra crimes infantis do Tribunal Especial para Serra Leoa.

“O traço comum em todos esses casos de transferências e deportações é a falta de consentimento voluntário, não apenas em nome das crianças, mas de seus pais e responsáveis. A esmagadora maioria das transferências e deportações de crianças não foi e não pode ser justificada pelo Direito Internacional Humanitário com base nas evidências até o momento”, concluiu ela.

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