A guerra no Iraque, desde o seu início, levanta suspeitas de que os reais interesses envolvidos no conflito estão ligados às reservas de petróleo do país. Embora Estados Unidos e Inglaterra rejeitem essa suposição, a dúvida cresceu ainda mais quando ficou claro que Saddam Hussein não possuía as armas de destruição em massa usadas como justificativa para a invasão do território iraquiano. Agora, documentos secretos citados por uma reportagem do jornal britânico The Independent mostram que as declarações públicas do governo britânico e as decisões tomada em reuniões privadas são conflitantes.
Segundo o jornal, os documentos não fazem parte das provas do Inquérito Chilcot, que investiga a participação da Grã-Bretanha na guerra do Iraque e ainda está em andamento. Eles foram obtidos pelo ativista Greg Muttitt, autor do livro "Fuel on the Fire" (Lenha na Fogueira, em tradução livre), que será lançado nesta quinta-feira (21) na Grã-Bretanha e na Índia.
Em 2003, a petrolífera Shell considerou "altamente imprecisos" os relatos das negociações com o governo britânico sobre o Iraque, enquanto a British Petroleum (BP) negou ter quaisquer "interesses estratégicos" no país. Já o então primeiro-ministro Tony Blair chamou a "teoria da conspiração do petróleo" de um grande absurdo.
No entanto, documentos conseguidos por Muttitt e entrevistas feitas por ele dão uma visão diferente dos fatos. Segundo o diário, cinco meses antes da invasão de 2003, a baronesa Symons, então ministra do Comércio, disse à BP que o governo acreditava que as empresas de energia britânicas deveriam receber uma parte das enormes reservas de gás e petróleo iraquianas como uma recompensa pelo compromisso militar de Tony Blair com os planos norte-americanos de mudar o regime no Iraque.
Os documentos mostrariam que Symons concordou em fazer lobby em nome da BP porque a gigante britânica temia ficar de fora dos acordos que Washington estava fazendo, silenciosamente, com governos da França e da Rússia e suas empresas de energia. A BP temia que, se Washington permitisse que o contrato da TotalFinaElf com Saddam Hussein fosse mantido após a invasão, ele faria do conglomerado francês a principal empresa de petróleo do mundo.
Muttitt conseguiu mais de mil documentos com a agência de Liberdade de Informação britânica nos últimos cinco anos, que revelam a realização de pelo menos cinco reuniões entre funcionários públicos, ministros e representantes da Shell e da BP no final de 2002. O jornal lembra que os contratos de 20 anos assinados após a invasão do Iraque foram os maiores da história da indústria petrolífera.
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