Washington (AFP) – O departamento de Defesa dos Estados Unidos pode estar espionando de forma rotineira as organizações pacificas para descobrir se suas atividades colocariam em risco as bases militares ou recrutamentos, de acordo com um documento divulgado na noite de terça-feira. Um calendário de oito páginas do Pentágono, obtido pela rede de televisão NBC e depois divulgado ao público, enumera manifestações, vigílias e locais escolhidos por pacifistas americanos diante das instalações militares ao redor do país.

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Porém, apesar dos grupos pacifistas geralmente divulgarem este tipo de informação com bastante antecedência, palavras às margens do documento indicam que o Pentágono poderia contar com fontes confidenciais dentro do movimento opositor para avaliar a ameaça a seus interesses. O evento mais recente citado no calendário foi uma manifestação antiguerra programada para 7 de maio no centro de recrutamento do Pentágono em São Francisco.

Quando soube da informação do protesto dois dias antes, um analista militar a qualificou como "uma ameaça", mas considerou a fonte da informação como "não confiável". "Não se recebeu informação adicional", destaca um reporte anônimo à margem, que acrescenta que o evento programado provavelmente seria pacífico. No entanto, o documento representa apenas uma pequena parte das 400 páginas obtidas pela NBC News. A emissora informou que o relatório enumera 1,5 mil "incidentes suspeitos" que aconteceram no país em um período de 10 meses.

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O documento dá corda à discussão sobre a forma apelativa como Washington vem tentando se proteger. Além de espionagem, o governo norte-americano é acusado de manter prisões irregulares na Europa, onde teriam sido mantidos suspeitos de terrorismo, sem qualquer direito à defesa. Essas desconfianças fragilizam as garantias da Casa Branca de que os EUA não pratica tortura dentro nem fora do país. Washington alega estar usando métodos de investigação aceitos internacionalmente.