A Era Chávez
O esquerdista Hugo Chávez está no poder na Venezuela desde 1999, após ser eleito para a Presidência com 56% dos votos.
1992 Militar reformado, partiu para a carreira política após uma fracassada tentativa de golpe de Estado contra o governo do então presidente Carlos Andrés Pérez (1974-79 e 1989-93). Chávez foi preso e escreveu o manifesto "Como sair do labirinto".
1994 Obteve a liberdade e decidiu se dedicar de vez à política. Criou o Movimento 5ª República, com o qual chegou à Presidência.
1998 Chávez é eleito para Presidência da Venezuela.
1999-2001 Consegue aprovar nova Constituição que aumenta os poderes do Executivo com apoio massivo.
2002-03 Sobrevive a golpe militar e a dois meses de greve nacional que enfraquece as companhias de petróleo.
2003 Começa uma campanha de investimento social massivo; oferecendo educação, saúde e comida a preços baixos para a população carente.
2004 Vence referendo para continuar até o fim de seu mandato.
2005 Assina decreto que prevê uma reforma agrária para eliminar grandes propriedades
2006 Ganha pela segunda vez as eleições para Presidência.
2007 Perde referendo que previa um aumento de poder do Executivo.
2009 Vence referendo que permite reeleição ilimitada para alguns cargos públicos, incluindo o de presidente.
2010 O partido de Chávez ganha maioria na Assembleia Nacional, mas oposição consegue 40% dos assentos.
2011 Durante visita oficial a Cuba, Chávez é submetido a cirurgia de emergência por causa de um abscesso pélvico. Mais tarde, Chávez anuncia que foi operado para a retirada de um tumor.
Fonte: Folhapress
Para especialista, tumor pode ser no intestino
O tumor pélvico que o presidente da Venezuela retirou em Havana, Cuba, pode ser intestinal ou de outra região perianal, segundo especialistas.
Ontem, Hugo Chávez declarou que passou por duas cirurgias no último mês: uma para a retirada de um abcesso e outra para a extração total de um tumor. Na região pélvica, o câncer pode ser de próstata, intestino, bexiga, reto ou ânus.
O oncologista Max Mano, do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, descartou a hipótese de tumor na próstata, por não ter relação com abcesso. "Se for verdade que ele teve um abcesso, a causa mais comum no homem é uma perfuração intestinal."
Para o oncologista Gustavo Guimarães, diretor do núcleo de urologia do Hospital A.C. Camargo, também de São Paulo, pode ter sido um tumor no reto. "Mas é difícil prever sem acesso a mais informações."
O presidente está em tratamento na capital cubana e não viajará à Venezuela para comemorar o bicentenário da independência do país.
"Se ele realmente teve um abcesso, tem de fazer drenagem e tomar antibiótico por um tempo. Não me surpreende que não esteja em condições de viajar", disse Mano.
O presidente Hugo Chávez, 56 anos, que está em Havana há três semanas, revelou que foi submetido a duas cirurgias: uma devido a um abscesso pélvico, da qual o povo venezuelano foi informado, e outra posterior, para retirar o tumor, ao que parece também situado na mesma região. (Folhapress)
Caracas - A confirmação de que o presidente Hugo Chávez foi operado de câncer, em Cuba, transformou o cenário político da Venezuela, onde haverá eleições presidenciais em 2012. O chefe de Estado continua governando de Havana, uma mostra de que é o único motor de um governo desorientado por sua ausência.
"É uma situação incerta, mas sem dúvida há uma quebra, uma inflexão. A política caiu em si. Superman não é Superman, é um ser humano que abusou de seu corpo e agora recebe a conta", diz Margarita López Maya, historiadora e coordenadora do livro "Ideas para debatir el socialismo del siglo XXI" (Ideias para debater o socialismo do século XXI, em tradução literal).
O anúncio da doença de Chávez e de que o presidente deve continuar um estrito tratamento para sua total recuperação ocorre em um momento em que a situação e a oposição esquentam os motores para as eleições presidenciais de 2012 na Venezuela.
Chávez, no poder desde 1999, aspira a um terceiro mandato neste pleito. Nada indicava, no dia de ontem, que não poderá cumprir seus planos políticos, uma questão que por enquanto permanece um tabu. O próprio presidente confidenciou na quinta-feira sua cura total, mas não antecipou uma data de retorno à Venezuela. "É um cenário novo. Chávez não tem substituto. Trata-se de uma liderança messiânica, com grande concentração de poder. Esta situação não só tem impacto no governo, mas também na oposição", afirma Alexander Luzardo, doutor em Direito Político e professor universitário. Segundo o especialista, se o presidente se vir obrigado a renunciar às suas aspirações em 2012, podem aparecer vários candidatos nos dois campos.
"No PSUV (partido do presidente), como não existe a figura de segundo de Chávez pode haver uma proliferação de aspirantes. Na oposição, também podem surgir vários candidatos se o adversário nas urnas não for Chávez", afirma Luzardo.
Para López Maya, nos regimes personalistas, as disputas internas pelo poder são visíveis rapidamente. Nas fileiras chavistas, há "grupos que o presidente mantém unidos, mas que entre eles não se podem ver, nem falar", afirmou.
Na opinião de Demetrio Boersner, doutor em Ciência Política e ex-embaixador, esta situação política inédita poderia ter um efeito positivo: "um diálogo e uma certa aproximação entre grupos" hoje irreconciliáveis. "O governo pode sentir que precisa de um mínimo de consenso nacional. O presidente leva dois anos dividindo os venezuelanos entre bons e maus", diz.
"O país entra em um estado delicado. Exige-se maturidade para preservar a estabilidade democrática e evitar um conflito interno", observa Luzardo.
* * * * *
Interatividade
Você concorda com a decisão de Chávez de continuar governando enquanto está em tratamento médico em outro país?
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.brAs cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
Prejuízo recorde ressalta uso político e má gestão das empresas estatais sob Lula 3
Moraes enfrenta dilema com convite de Trump a Bolsonaro, e enrolação pode ser recurso
Carta sobre inflação é mau começo para Galípolo no BC
Como obsessão woke e negligência contribuíram para que o fogo se alastrasse na Califórnia