Manifestantes na Praça Tahrir, no Cairo, nesta quinta-feira (24)| Foto: Amr Abdallah Dalsh/Reuters

O Egito chega ao segundo aniversário da rebelião que derrubou o regime de Hosni Mubarak tendo muito pouco para comemorar. Profundamente dividido e enfrentando uma crise econômica, o país se prepara para mais protestos, mas desta vez contra um líder eleito democraticamente.

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Nesta quinta-feira (24), alguns manifestantes estiveram na praça Tahrir, onde o governo armou barricadas para tentar conter os protestos. Mas os adversários do presidente Mohamed Mursi planejam fazer uma passeata na sexta-feira (25) até o local para expressar sua irritação com o novo líder islâmico e com seus apoiadores da Irmandade Muçulmana, a quem acusam de trair os objetivos da chamada Revolução de 25 de Janeiro, que galvanizou os egípcios em uma demonstração de unidade nacional que não se repetiu desde então.

"Não vemos como uma celebração. Será uma nova onda revolucionária que irá mostrar à Irmandade que eles não estão sozinhos, que há outras forças que podem se erguer contra eles", disse Ahmed Maher, fundador do grupo esquerdista 6 de Abril, que ajudou a mobilizar a rebelião por meio das redes sociais.

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A Irmandade disse que não irá enviar seus seguidores à praça Tahrir na sexta-feira - uma decisão que pelo menos limita o risco de agravamento da tensão social, a qual contribui para os problemas econômicos.

Mas o grupo islâmico, de olho nas próximas eleições parlamentares, está marcando o aniversário com uma campanha assistencial. Junto com aliados, a Irmandade promete enviar voluntários para reformar 2.000 escolas, plantar árvores, fornecer atendimento médico e abrir "mercados beneficentes" que vendam comida mais barata.

Inspirada na rebelião tunisiana contra o então presidente Zine al Abidine Ben Ali, a revolução egípcia ajudou a desencadear mais revoltas na Líbia e na Síria. Ela trouxe uma liberdade política que permitiu a impressionante ascensão ao poder da Irmandade, um grupo islâmico que passou décadas proscrito sob a autocracia de cunho militar.

Dois anos depois, o Egito ainda enfrenta uma profunda crise econômica causada pelas turbulências políticas, que prosseguiram apesar da eleição de um novo presidente.