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Saúde

Dois anticorpos trazem nova esperança para vacina contra a aids

Ilustração mostra a estrutura do novo anticorpo (azul e verde) ligado ao vírus HIV (cinza e vermelho), causador da aids | Instituto Nacional Americano de Alergias e Doenças
Ilustração mostra a estrutura do novo anticorpo (azul e verde) ligado ao vírus HIV (cinza e vermelho), causador da aids (Foto: Instituto Nacional Americano de Alergias e Doenças)
Veja a quantidade de infectados pelo HIV em cada parte do mundo |

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Veja a quantidade de infectados pelo HIV em cada parte do mundo

Cientistas descobriram dois poderosos anticorpos capazes de bloquear, em laboratório, a maio­­ria das cepas conhecidas do vírus da inumodeficiência humana adquirida (HIV), abrindo potencialmente o caminho para uma vacina eficaz contra a aids.

Mais de 25 anos depois da identificação do vírus HIV, responsável por quase 30 milhões de mortes no mundo, a busca por uma vacina contra a infecção continua infrutífera, apesar dos grandes esforços da comunidade internacional e dos recursos em­­pregados. Mas estes dois antígenos, batizados de VRCO1 e VRCO2, parecem muito promissores, pois impedem a infecção de células humanas em mais de 91% das variedades do HIV em circulação, e com uma eficácia sem precedentes.

Os autores do estudo, que será publicado na edição de hoje da revista científica americana Science, desmontaram também o mecanismo biológico através do qual estes anticorpos bloqueiam o vírus.

"A descoberta destes antígenos de poderes excepcionalmente amplos de neutralização do HIV e a análise que explica como operam representam avanços ani­­madores para se descobrir uma vacina capaz de proteger de forma ampla contra o vírus da aids", comemorou o doutor An­­thony Fauci, diretor do Instituto Nacio­­nal Americano de Alergias e Do­­en­­ças Infecciosas (NIAID). "Além disso, a técnica a que as equipes de pesquisa recorreram representa uma nova abordagem que poderia ser aplicada à concepção e ao desenvolvimento de vacinas contra muitas outras doenças infecciosas", acrescentou.

Os virologistas descobriram dois anticorpos, produzidos naturalmente pelo organismo, no sangue soropositivo. Eles conseguiram fazer seu isolamento usando uma nova ferramenta molecular, uma das proteínas que formam o HIV, que os cientistas modificaram para que se fixasse em células específicas que produzem os anticorpos que neutralizam o HIV. Esta proteína foi programada para reagir exclusivamente nos anticorpos específicos onde o vírus se une às células no organismo humano que infecta.

Depois destas descobertas, os cientistas começaram a desenvolver componentes de uma vacina que pode ensinar ao sistema imunológico humano a produzir grandes quantidades de anticorpos similares aos antígenos VRC01 e VRC02.

"Aproveitamos nossa compreensão da estrutura do HIV, neste caso de sua superfície, para afinar nossas ferramentas moleculares que permitem ir diretamente no ponto fraco do vírus e nos guiar na escolha de anticorpos que se unem especificamente a este ponto e o impedem de infectar as células humanas", explicou Gary Nabel, do NIAID, que codirigiu as duas equipes de cientistas em várias universidades, como a faculdade de Medicina de Harvard (Massachusetts).

Encontrar anticorpos capazes de neutralizar cepas de HIV em todo o mundo foi, até agora, muito árduo, já que o vírus muda constantemente as proteínas que recobrem sua superfície para es­­capar da detecção do sistema imunológico, destacam os autores destes trabalhos. Esta capacidade de mutação rápida resultou em um grande número de variações do HIV, mas os virologistas puderam detectar alguns pontos na superfície do vírus que permanecem constantes nas cepas, como as que unem os anticorpos VRCO1 e VRCO2.

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