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Argentina

Dólares derrubam assessor de Kirchner

Buenos Aires – O "Escândalo da Maleta" – denominação do caso de corrupção cujo pivô é uma maleta carregada de US$ 790 mil que entrou na Argentina sem declaração pelas mãos de um cidadão venezuelano no fim de semana – provocou ontem a sua primeira baixa, o argentino Claudio Uberti, diretor do Organismo de Fiscalização de estradas.

Uberti um dos principais homens de confiança do poderoso ministro do Planejamento e Obras Públicas, Julio De Vido, teve de deixar o cargo 12 horas depois que a Justiça divulgou que ele era um dos nove integrantes do vôo, proveniente de Caracas, que no sábado de madrugada pousou em Buenos Aires trazendo a maleta com os dólares contrabandeados.

Entre os passageiros do avião estavam integrantes dos governos venezuelano e argentino, além de Guido Antonini Wilson, o misterioso dono da maleta.

O presidente Néstor Kirchner fez alarde ontem de combater a corrupção. "Eu não escondo nada. E quando algo acontece, tomo as medidas que correspondem!", esbravejou durante um comício. "Pela primeira vez, neste país, a corrupção é combatida a sério!", disse de forma genérica, sem se referir a Uberti.

Após a renúncia de Uberti – principal negociador de acordos com a Venezuela (chamado de "o embaixador paralelo de Kirchner) – existia a expectativa de que outro integrante do vôo, o argentino Exequiel Espinosa, presidente da estatal petrolífera Enarsa (que havia alugado o jatinho), também deixaria o cargo.

No entanto, o chefe do Gabinete de Ministros, Alberto Fernández, confirmou que Espinosa permanecerá em seu posto. "Ele não tem nada a ver com esse assunto", explicou. "Houve abuso da boa fé dos funcionários argentinos por parte dos funcionários venezuelanos que pediram que trouxessem uma pessoa com uma maleta com tal quantidade de dinheiro sem que ninguém o soubesse".

O escândalo ameaça provocar uma catarata de denúncias sobre as relações obscuras – e bilionárias – dos governos Kirchner e Chávez. O deputado Esteban Bullrich, da coalizão de centro-direita Proposta Republicana (PRO), afirma que existe superfaturamento nas compras argentinas de diesel venezuelano, entre outras irregularidades.

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