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Washington – Um norte-americano encarregado de interrogar um prisioneiro em Guantánamo – base militar mantidas pelos Estados Unidos em Cuba – se agachou sobre o Alcorão, o livro sagrado do islã, outro cobriu o rosto de um prisioneiro com fita adesiva e um terceiro ainda se gabou de ter batizado um detento, segundo documentos publicados esta semana pelo FBI, a polícia federal dos Estados Unidos.

Em 2004, o FBI enviou um questionário a cerca de 500 militares enviados à base norte-americana desde 2001, para saber se eles tinham testemunhado maus-tratos infligidos aos prisioneiros. Sob condição de anonimato, 26 responderam que sim e estes documentos, classificados como confidenciais, foram publicados na terça-feira, após uma intervenção judicial.

Depoimentos

Um agente relatou em detalhes o interrogatório de um prisioneiro em outubro de 2003: privado de sono, transferido de cela em cela, algemado, o prisioneiro foi interrogado durante horas. No segundo dia, um capitão dos fuzileiros navais em missão no local se agachou sobre o Alcorão diante do prisioneiro. No terceiro dia, ele foi confrontado a um cão agressivo, da raça pastor alemão. Um outro agente explica que em outubro de 2002, um agente civil do Exército foi procurá-lo rindo para lhe mostrar sua obra: ele tinha envolvido com fita adesiva a cabeça de um prisioneiro barbudo, porque este último não parava de se curvar sobre o Alcorão, cumprindo os preceitos de sua religião.

O terceiro agente conta que discutiu, no verão de 2004, com um investigador que se gabou de ter obrigado um prisioneiro a ouvir rock satânico no volume máximo durante horas, e depois vestiu-se como padre para "batizá-lo".

Inúmeros outros agentes também contaram ter visto prisioneiros algemados no chão, às vezes durante mais de 24 horas, e com música do tipo rap no volume máximo, sob temperaturas extremas. Um militar também contou ter visto um prisioneiro quase inconsciente, preso em um quarto a quase 40°C de temperatura, com um monte de cabelos do lado, provavelmente arrancados em momentos de desespero, durante a noite de tortura.

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